Francenildo passou de vítima a investigado, diz advogado

23/03/2006 - 21h08

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Ao deixar o prédio hoje (23), após seu depoimento na Polícia Federal (PF), o caseiro Francenildo Santos Costa contou à imprensa que, no depoimento, não houve questionamentos sobre o que acontecia na casa alugada por Vladimir Poleto, que foi assessor do atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na prefeitura de Ribeirão Preto (SP).

Francenildo disse que foi questionado sobre o dinheiro depositados em sua conta bancária a partir de janeiro deste ano. Até então, o caseiro era vítima no inquérito que investiga a violação do seu sigilo bancário. Segundo seu advogado, Wlício Chaveiro Nascimento, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) pediu à Polícia Federal uma investigação das movimentações financeiras do caseiro, que passou da condição de vítima a investigado por lavagem de dinheiro.

A quebra do sigilo telefônico de Francenildo já foi pedida pela Polícia Federal à Justiça, juntamente com outros pedidos de busca e apreensão não revelados pela PF.

Os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR), Romeu Tuma (PFL-SP) e Wellington Salgado (PMDB-MG) também estiveram na PF. Eles foram pedir informações sobre a investigação para levar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos.

A Caixa Econômica Federal informou, por meio de nota, já ter os nomes dos dois funcionários que tinham acesso à máquina usada para quebrar o sigilo bancário. "É o começo, mas não basta", comentou o senador Álvaro Dias. "É preciso identificar quem determinou no interior da Caixa Econômica, qual autoridade."

Já o senador Wellington Salgado disse acreditar que o caseiro não está falando totalmente a verdade, e saiu em defesa de Palocci: "Não quero dizer que o rapaz esteja mentindo por inteiro. Mas estão querendo derrubar ministro como se fosse manga".

O presidente da Caixa Econômica, Jorge Mattoso, foi intimado a prestar depoimento, mas não compareceu. A Justiça concede o direito ao intimado de não comparecer três vezes. Em seguida, ele é intimado coercitivamente, ou seja, á acompanhado por policiais até a polícia.

Álvaro Dias qualificou o não-comparecimento como um sinal de que o presidente da Caixa estaria traçando uma estratégia para tentar justificar a violação do sigilo. Wellington Dias, por outro lado, defendeu que o banco aja com cautela, para não acusar inocentes.