Brasília, 23/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, integrante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, avaliou como fundamental profissionalizar a gestão na educação. Na primeira reunião do Conselho no ano, realizada hoje (23), o tema foi a Educação como prioridade nacional para o desenvolvimento.
"A inteligência do gerenciamento não é utilizada normalmente no setor público e, numa matéria complexa como a educação, isso é muito mais importante", destacou o conselheiro. Como exemplo, ele mencionou a hipótese de os alunos de uma universidade assistirem a aulas em outra, no caso de uma disciplina ter poucos inscritos. "Talvez seja mais barato dar uma hospedagem em outra universidade do que manter esse curso", sugeriu.
A importância de uma boa gestão também foi mencionada pelo empresário Amarílio de Macêdo, em documento lido e endossado pela conselheira Viviane Senna. "A análise da baixa qualidade em nosso sistema de ensino, nos três níveis de governo, revela que o maior problema não é a falta de recursos, mas a falta de boa gestão e eficiência na sua aplicação", dizia o documento.
"Não adianta colocar mais recursos sobre um sistema que funciona de maneira medíocre do ponto de vista de gestão. É como colocar numa empresa falida mais recursos. Primeiro tem que consertar para que ela funcione bem".
Macêdo sugeriu a criação de um fórum destinado a promover a mobilização da sociedade em torno de um programa de qualidade para a educação básica, definido em um processo de gestão compartilhada com as três esferas de governo.
O documento lido por Viviane Senna na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacava, ainda, que a falta de escolaridade é responsável por 40% das desigualdades sociais no Brasil. "Esses problemas estruturais relacionados ao sistema educacional trazem sérios problemas para nossa economia. Na moderna sociedade da informação e do conhecimento, como esperar que nosso país possa competir em produtividade e crescimento econômico no seio dos países emergentes?", repetiu a empresária. "Não é por acaso que a produtividade da indústria brasileira cresceu apenas 2,3% em 2005. Nossa taxa de crescimento econômico também foi de apenas 2,3%, superando somente o Haiti na América Latina", complementou.
Em seu discurso, o presidente Lula respondeu: "Comparar o Brasil com o Haiti é, no mínimo, uma heresia, porque em nenhuma hipótese, da economia à sociologia, a gente pode comparar as duas nações. A gente poderia comparar o crescimento do Brasil com muitos países, com os Estados Unidos, com a China, mas nunca comparar do ponto de vista econômico, com debate político, com o Haiti, porque não tem comparação. Eu acho que a gente entra num processo de desinformação que não ajuda, até na educação política do nosso povo. Eu acho que esse é o desafio que nós temos que cumprir".