Experimentos levados por astronauta brasileiro ficarão oito dias em gravidade próxima de zero

23/03/2006 - 13h38

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os oitos experimentos brasileiros que serão levados pelo astronauta Marcos Pontes à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), permanecerão oito dias em ambiente com gravidade próxima de zero (microgravidade). Segundo o presidente da Agência Espacial Brasileira, Sergio Gaudenzi, esse tempo de exposição é uma das principais vantagens de se realizar esses experimentos a bordo da estação.

O presidente da AEB explicou que, por meio do Programa de Microgravidade, a agência usa os chamados foguetes de sondagem para permitir que experimentos de universidades e centros de pesquisa brasileiros sejam realizados em ambientes de microgravidade. No entanto, essa exposição dura apenas cerca de oito minutos, enquanto na estação espacial será de oito dias.

"Os foguetes de sondagem brasileiros são dos melhores que existem no mercado. Esse foguete de sondagem é lançado e nos dá algo em torno de 7 a 8 minutos de microgravidade, para que o experimento seja testado durante a sua queda. Mas, numa estação espacial, podemos conseguir oito dias de microgravidade", explicou Gaudenzi, em entrevista a emissoras de rádio da Radiobrás (Nacional AM de Brasília, Nacional do Rio de Janeiro e Nacional da Amazônia).

Na lista de experimentos estão projetos para analisar o efeito da gravidade na cinética das enzimas, na interação das proteínas, nos danos e reparos do DNA, na geminação de sementes, em minitubos de calor e no crescimento das sementes de feijão.

De acordo com o presidente, depois de realizar os experimentos, o astronauta Marcos Pontes fará um relatório sobre cada um deles. Depois de concluída a missão, os testes serão devolvidos aos pesquisadores.

O lançamento da nave russa Soyus TMA-8, que levará Marcos Pontes ao espaço, está marcado para a próxima quarta-feira (29), às 23h29, horário de Brasília. O lançamento ocorrerá da base de Baikonur, localizada no Cazaquistão.

Na entrevista coletiva, Sergio Gaudenzi informou ainda que o orçamento do Programa Espacial Brasileiro é de pouco mais de US$ 100 milhões e que a meta é elevar para US$ 200 milhões por ano. "O programa atravessou momentos muitos difíceis, quase acabou por falta de recursos, mas hoje estamos recuperando um patamar que consideramos razoável para o programa, em torno de US$ 200 milhões por ano".