Rio deve receber nesta temporada 250 mil passageiros e tripulantes de transatlânticos

24/02/2006 - 14h43

Rio, 24/2/2006 (Agência Brasil - ABr) - O diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), José Francisco Salles Lopes, afirmou hoje (24) que o Rio de Janeiro está se consagrando como uma das principais rotas do turismo marítimo internacional. Segundo a companhia Docas, que administra o porto do Rio, a atual temporada dos transatlânticos, que vai de outubro a abril, deve registrar a passagem de 250 mil pessoas, entre passageiros e tripulantes, e mais de 80 cruzeiros.

Neste Carnaval, ponto alto da temporada, a cidade vai receber dez transatlânticos, transportando mais de 40 mil turistas de várias nacionalidades. Os visitantes vão incrementar ainda mais a entrada de dólares no país, que, segundo o Ministério do Turismo,em janeiro deste ano, foi a maior já registrada, com U$S 402 milhões.

Apesar da curta permanência, cerca de 95% dos visitantes têm intenção de retornar aos locais visitados. É o que revela pesquisa realizada em janeiro pelo Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindiRio) junto a passageiros que desembarcaram no Píer Mauá, na capital fluminense.

"É um turismo muito significativo porque serve de vitrine das cidades. O passageiro fica com vontade de voltar, se hospedar no local e passar mais tempo conhecendo a região", afirmou a coordenadora de Qualidade de Turismo do SindRio, Carla Riquet. Ainda segundo a pesquisa, apenas 13% dos turistas permanecem nos navios. "A maioria sai, almoça e janta em restaurantes ou bares, faz compras e utiliza principalmente táxi para se locomover", disse Carla.

Para o presidente da Associação Brasileira de Empresas Marítimas, Eduardo Nascimento, "trata-se de um turismo bastante significativo, porque traz pessoas de alto poder aquisitivo".

Apesar da estimativa da associação, segundo a qual cada visitante injeta, diariamente, cerca de US$ 100 na economia local, os navios podem trazer sérios riscos ambientais, se não houver a fiscalização adequada. Para o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Marinha Mercante (Sindmar), José Válido, ainda faltam no Brasil leis que garantam mais segurança ao meio-ambiente.

"Deveria ser obrigatória a instalação de uma barreira de contenção nos horários de abastecimento, por exemplo. Em países europeus e nos Estados Unidos é preciso utilizar bóias para evitar desastres ambientais em função de vazamento de óleo", afirmou Válido.

Ele lembrou também do risco de contaminação e de desequilíbrio ambiental que existe quando a água de lastro – volume que é armazenado no navio para dar estabilidade à embarcação – é recolhida em um local e despejada em outro. "Essa água carrega microorganismos vivos que são jogados em ambientes diferentes do seu natural", disse.

Outra preocupação do vice-presidente do Sindmar é em relação ao descarte do esgoto sanitário. "Se não houver uma fiscalização para garantir que os tanques onde os desejos estão armazenados estejam em pleno funcionamento, eles vão ser jogados em áreas próximas ao porto, causando a contaminação do ambiente marinho", alertou.

Segundo a assessoria de imprensa da Companhia Docas do Rio de Janeiro, no Brasil é comum isolar os navios que precisam receber abastecimento. Eles são retirados da área do píer durante a operação. Além disso, os transatlânticos recebem visita de órgãos de fiscalização, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de ancorarem. As embarcações também passam por limpeza periodicamente.