Quase cinco meses depois, sindicância sobre morte de jovem na PF ainda não foi concluída

24/02/2006 - 12h35

Beatriz Pasqualino e Paulo Montoia
Repórteres da Agência Brasil

São Paulo – Quase cinco meses depois, a morte do jovem Leonardo Martins, numa cela da Superintendência da Polícia Federal (PF) em São Paulo, em 5 de outubro, continua sem esclarecimentos e a sindicância permanece aberta. Ela está em fase final, corre sob sigilo, e não há prazo para ser concluída, segundo a assessoria de imprensa da PF.

Leonardo Martins foi preso num banheiro do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na noite do dia 4, com 94 pequenos pacotes de cocaína. Segundo o comunicado enviado à imprensa, os pacotes estavam escondidos num par de tênis e tinham o formato de cápsulas habitualmente preparadas para ingestão. Martins foi levado para a superintendência no início da madrugada do dia 5 e foi encontrado morto em sua cela às 13 horas. A equipe da autópsia encontrou uma cápsula no estômago do jovem e o laudo complementar confirmou tratar-se de cocaína.

Na ocasião da morte do jovem, o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo pediu rigor nas investigações e instaurou um processo para apurar o caso. Procurada pela Agência Brasil nesta semana, a assessoria de imprensa do MPF não soube fornecer qualquer informação sobre o andamento desse processo.

O advogado Francisco Lúcia França, que acompanhava o caso como membro da Comissão de Direitos Humanos da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), disse esta semana à que o trabalho na comissão é voluntário e que não acompanha mais o andamento do processo. O coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Fábio Canton, não soube informar se outro advogado assumiu o caso.

A sindicância interna na PF poderá esclarecer várias questões que permaneceram em aberto no caso, como a seqüência de fatos que levaram a prisão a ocorrer no banheiro e não no momento de embarque - como é mais comum - saber se os agentes perguntaram ao rapaz se ele havia engolido cápsulas da droga e se Martins teria negado, mesmo sabendo que isso possivelmente provocaria sua morte.