Favelas do Rio serão ocupadas pela Polícia Militar durante o Carnaval

24/02/2006 - 15h00

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio - Policiais militares ocuparão favelas do Rio de Janeiro para evitar confrontos entre traficantes durante o Carnaval, informou hoje (24) a Secretaria de Segurança Pública do estado. Cinco comunidades serão ocupadas: Rocinha, Vidigal, Vigário Geral, Parada de Lucas e Dona Marta.

A prática de ocupações policiais dos morros não é novidade no Rio. A estratégia é utilizada sempre que há um grande evento, como a festa de virada de ano e shows ao ar livre. No reveillon deste ano, nada menos do que 11 favelas foram ocupadas por policiais. Durante o show da banda inglesa Rolling Stones, no último final de semana, a ocupação ocorreu em três comunidades.

O relações-públicas da Polícia Militar do Rio de Janeiro, tenente-coronel Aristeu Leonardo, explica que o objetivo é dar segurança aos moradores das favelas. "Queremos preservar a vida humana, das pessoas inocentes, principalmente, que moram nessas regiões. Nas comunidades carentes, quase 100% dos moradores são pessoas de bem. Infelizmente, os marginais tendem a subjugar esses quase 100%. Assim, a polícia, braço armado do Estado, tem de intervir", disse.

O coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflitos e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sociólogo Michel Misse, afirmou que a polícia deveria estar nas comunidades o tempo todo e não apenas em ocupações eventuais. Além disso, essa não deveria ser a única política de segurança do Estado para controlar o narcotráfico.

"Hoje a situação é muito complexa. Existem milhões de pessoas que vivem nessas áreas dominadas pelo tráfico e não há uma política de longo prazo. Todas as políticas são de curto prazo. Prefere-se reprimir o varejo (da venda de drogas), quando o certo seria controlar a chegada das drogas e das armas", afirma o sociólogo.

Segundo o coronel Leonardo, as ocupações são determinadas por informações obtidas pelos setores de inteligência da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Militar. Por isso, outras ocupações de favelas podem ocorrer durante o Carnaval.