Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O lucro obtido pelo Banco do Brasil em 2005 não se refletiu no reajuste salarial negociado na última data-base. Foi o que avaliou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, da Confederação Nacional dos Bancários (CNB), Marcel Barros, ao tomar conhecimento do resultado do banco, 37,4% maior que o de 2004. Segundo ele, o item que poderia afetar no patamar de reajuste negociado seria o de despesas administrativas, que teve acréscimo de apenas 4,5% no ano passado. "Em setembro passado, tivemos reajuste de 6% e em 2004 de 8,5%. Se as despesas administrativas, que englobam as despesas do banco com pessoal, manutenção física de prédios e treinamento de funcionários, tiveram um acréscimo pequeno diante do lucro, significa que o reajuste poderia ter sido mais generoso", disse.
Segundo Barros, o lucro obtido pelo Banco do Brasil também deveria ter como destino a equalização da Caixa de Assistência (Cassi), o plano de saúde dos funcionários que, segundo ele, está deficitário. Para o dirigente, as chamadas operações de tesouraria (compra de títulos) têm tido mais destaque nos resultados do banco a cada ano e o aumento da carteira de crédito tem beneficiado mais a pessoa física que a jurídica, quando, em sua opinião, deveria ser o oposto. "O aumento da oferta de crédito atingiu mais a pessoa física, com o crédito consignado, por exemplo. Mas o setor produtivo não recebeu a mesma atenção e, para gente, o lucro estaria bem distribuído se as micro e pequenas empresas fossem mais beneficiadas com a oferta de crédito, porque são elas que geram emprego e renda", observou.
De acordo com Barros, se verificados os números do crédito oferecido à pessoa física, a constatação será de que, no volume, o aumento da oferta de crédito como um todo não foi significativo. "Analisando só do nosso ponto de vista, como funcionários que têm participação nos lucros, o resultado do lucro obtido pelo banco foi bom, mas pensamos num sentido mais distributivo. Acho que seria melhor para o país se isso fosse partilhado com o setor produtivo", enfatizou, ao referir-se à concessão de crédito às empresas.
No próximo dia 22, a CNB vai negociar a manutenção do modelo de participação nos lucros, negociado na última data-base. "O modelo negociado no ano passado é o melhor que se tem. Mas precisamos conversar para que seja mantido diante do resultado apresentado pelo banco em 2005", explicou Barros. Os funcionários do Banco do Brasil recebem, a cada seis meses, 4% do lucro líquido, mais 40% do salário e um valor fixo de R$ 365.