Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – "As pessoas no Brasil trabalham muito em todos os níveis e isso prejudica a saúde física e mental, a possibilidade de convivência familiar, as possibilidades de participação social, política e comunitária", disse a diretora da Organização Internacional do Trabalho Brasil (OIT), Laís Abramo.
Abramo, que participou hoje (20) do Seminário Nacional sobre Redução da Jornada de Trabalho: Trabalhar Mais ou Trabalhar Melhor?, organizado por centrais sindicais, lembrou que a jornada de trabalho legal no Brasil é de 44 horas semanais.
Apesar de o país não ser aquele com maior jornada, é preciso levar em conta as horas extras, que muitas vezes elevam essa jornada em muitas horas. Além disso, há a necessidade de o trabalhador fazer horas extras devido à redução de sua renda. "Nos últimos anos houve um processo importante de queda do rendimento médio, que agora está se revertendo, mas que muitas vezes leva o trabalhador a fazer muitas horas extras", afirmou.
De acordo com Laís Abramo, é preciso ainda acrescentar na jornada de trabalho o tempo que o trabalhador demora em se deslocar de sua casa para o trabalho e vice-versa. Além disso, há outras formas de trabalho que estão fora da legislação trabalhista ou dos contratos legais de trabalho que geram descontrole do número de horas trabalhadas, como o trabalho em domicílio.
"Na prática sabemos que muitas vezes isso significa um prolongamento da jornada de trabalho muito alto e uma mistura entre os horários de descanso e vida familiar. No momento em que você perde a delimitação entre o que é e não é trabalho, isso pode ter conseqüências muito negativas", disse.
O seminário foi organizado pela Confederação Geral dos Trabalhadores (CGTB), Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e Social Democracia Sindical, com coordenação do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).