Aumento de crédito e de tarifas provocou lucro recorde de Banco do Brasil e Caixa, avalia executivo

20/02/2006 - 20h48

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Mais crédito na praça, aplicações em títulos públicos e aumento no número de serviços tarifados e nos preços das tarifas explicam o lucro recorde do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal, na análise do economista Miguel José de Oliveira, vice-presidente Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Os dois bancos públicos tiveram, respectivamente, crescimento de 37,4% e 46% no lucro em 2005 sobre o resultado do ano anterior.

Oliveira afirmou que o aumento da oferta de crédito é o grande destaque dos resultados apresentados pela Caixa e pelo BB, embora tenha registrado que há também a aplicação de taxas mais altas. Segundo o vice-presidente da Anefac, o crescimento do lucro dos dois bancos era algo esperado pelo mercado financeiro porque ambos vêm buscando conciliar a função social a um perfil comercial. Para Oliveira, a conciliação é positiva porque fomentar só o lado social colocaria em risco a própria atividade. "É muito importante ter iniciativas como as do Banco do Brasil de fomento ao microcrédito e as da Caixa de financiamento habitacional para população de baixa renda, mas os bancos não podem se distanciar de todo do pensamento comercial de banqueiro sob pena de perder a capacidade de concorrer no mercado e até sobreviver", avaliou.

Na opinião de Oliveira, mesmo bancos privados têm se voltado cada vez mais para o fomento à produção e ao consumo, como já é tradição nos bancos públicos. "Os bancos, em geral, estão se voltando cada vez para seu papel principal que é o de fomentar a produção e o consumo", disse. O economista avaliou como positivos os resultados da Caixa e do Banco do Brasil, mas advertiu para o fato de que o lucro dos bancos pode não ter o mesmo efeito para o resto da economia. Segundo ele, ainda é muito grande o investimento em operações de tesouraria, ou seja, compra de títulos, e também o crescimento das tarifas bancárias, bem como do número de serviços tarifados.

Oliveira disse que tem verificado nos últimos cinco anos um aumento, no valor das tarifas, acima da inflação. "Além disso, cada vez há mais serviços que antes não eram tarifados e agora são", observou. Um dos reflexos disso, de acordo com o vice-presidente da Anefac, é uma queda na renda da pessoa física. "E no caso da pessoa jurídica, a conseqüência é que altas taxas afetam a produtividade e o preço que as empresas praticam, além de sua capacidade de aumentar os lucros. Daí, fica também reduzida sua capacidade de gerar emprego e renda", afirmou.