Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Evo Morales pediu aos parlamentares bolivianos, que também assumiram hoje (22) seus mandatos, que aprovem, o mais rápido possível, a lei convocatória para realização da Assembléia Constituinte e do referendo sobre a autonomia dos departamentos que formam a Bolívia. "Queremos garantir o referendo da autonomia. Os povos indígenas lutam por isso, pela autodeterminação. Queremos autonomia com reciprocidade e com distribuição de riquezas", disse.
Morales relembrou a época em que era deputado e que chegou a ser expulso da Casa, por coincidência num 22 de janeiro, como hoje, dia em que assume a presidência da Bolívia depois de sair vitorioso das urnas. Segundo ele, não foram poucas as vezes em que os partidos governistas dificultaram a votação de projetos de sua autoria ou de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS).
"Tenho boas e más recordações de quando era deputado, mas quero dar um recado aos deputados que não são do MAS. Nós não aprendemos esse mau costume. Se um projeto de lei beneficia a população, o MAS apóia", garantiu Morales.
O novo presidente afirmou que a Assembléia Constituinte será um espaço que permitirá uma vida melhor aos bolivianos. Um dos temas que Morales classificou de primordial para integrar as discussões da Constituinte é o da nacionalização dos recursos naturais. Ele destacou o fato de a Bolívia, desde 1825, não industrializar recursos naturais, como gás e petróleo, e apenas exportar matérias-primas. "Até quando a Bolívia vai ser exportadora de matérias-primas?", indagou o presidente.
Morales disse que essa realidade é perversa, porque o país exporta a um preço e compra o produto industrializado a preços superiores. Ele convocou especialistas bolivianos, de países vizinhos e também europeus, a ajudarem a Bolívia com conhecimento tecnológico para que o país aprenda a industrializar esses recursos.