André Deak
Enviado especial
Caracas (Venezuela) – Às vésperas do 6º Fórum Social Mundial, a capital venezuelana assistiu hoje (22) a mais uma marcha da oposição ao governo de Hugo Chávez. Com o pretexto de comemorar mais um ano desde que um movimento cívico-militar derrubou a ditadura de Marcos Pérez Jiménez, em 23 de janeiro de 1958, representantes de partidos políticos e membros de organizações civis de oposição reuniram mais de 10 mil pessoas contra o governo, "por justiça e pela democracia".
Desde que Hugo Chávez iniciou um plano de reformas que ele define como "revolução bolivariana", a Venezuela assiste às marchas da oposição formadas pela classe média caraquenha. Neste domingo, as críticas foram à suposta corrupção do governo chavista. "O presidente dá dinheiro para outros países, mas muitas cidades têm problemas de estradas. Votei no Chávez, ele é inteligente, mas trabalha para a outra parte", disse uma das manifestantes, Gladys Días.
Apesar das últimas eleições venezuelas terem sido acompanhadas por organismos internacionais – que julgaram o processo adequado –, houve muito protesto contra "a corrupção eleitoral". Segundo Haydee Galárraga, que participou da marcha, "todo o processo está viciado, é igual em Cuba".
Ao final da marcha, os organizadores colocaram nos alto falantes um depoimento do dirigente da Confederação de Trabalhadores da Venezuela, Carlos Ortega, hoje preso. Ele foi um dos organizadores do movimento que culminou com um locaute (quando os empresários fecham as portas, evitando que os trabalhadores produzam), que pedia a renúncia de Chávez. "O futuro da Venezuela depende do trabalho que iremos desenvolver de agora em diante", dizia a gravação.
A oposição a Chávez aponta o Fórum Social como mais uma atitude publicitária do governo.