Fundador do Fórum Social Mundial destaca quantidade de atividades proposta por entidades brasileiras

22/01/2006 - 8h21

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília – É a primeira vez que organizações de algum país – neste caso, as brasileiras – propõem mais atividades para o Fórum Social Mundial do que as organizações do país-sede. A observação sobre a sexta edição do evento, com início marcado para terça-feira (24) na Venezuela, é do professor Cândido Grzybowski, em entrevista à Rádio Nacional. Grzybowski é sociólogo, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e um dos fundadores do fórum.

Segundo o professor, essa presença marcante do Brasil no fórum "tem a ver com a nossa história de ter realizado das cinco edições, quatro aqui no Brasil". Ele informou que o evento tem mais de 2.300 atividades previstas e destacou que a maior parte da pauta é determinada pelos participantes.

De acordo com Cândido Grzybowski, como novidade há uma idéia entre os líderes políticos de se fazer um fórum de governantes. Segundo ele, hoje, já é possível se pensar nisso, sendo que esse agrupamento "poderia se contrapor ao G 8 [grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia]".

Grzybowsky previu, para esta edição do fórum, a percepção de um "mosaico de alternativas" no cenário político na América Latina: "Um vai gostar mais do que acontece no Chile, outro vai defender a experiência do Brasil, outro da Argentina, mais outro da Venezuela."

Ao afirmar que o Fórum Social é um espaço aberto, Grzybowski assinalou que há nele "um respeito à diversidade e se pode ir da extrema esquerda à centro-direita". De acordo com o professor, o fórum cria uma cultura "onde se nega o protagonismo a qualquer um que seja, ator ou portador de certas ideologias". Na sua opinião, há espaço para todos e cada um segue a sua ideologia. "Só que ali há confronto", sublinhou, sintetizando que o espaço do fórum "é para a gente se confrontar e, no confronto, produzir algo melhor, como alternativas futuras, e se fortalecer no processo".