Ex-presidente destaca processo de mudanças nos últimos meses na Bolívia

22/01/2006 - 15h45

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Ao entregar o cargo ao novo presidente da Bolívia, o presidente em exercício Eduardo Rodríguez destacou o processo de mudanças pelo qual o país passou nos últimos meses, desde que assumiu interinamente, após sucessivas renúncias de presidentes do Congresso boliviano. Evo Morales, eleito em dezembro, será o sétimo presidente do país desde 2001, quando começaram as pressões por mudanças políticas.

Rodríguez reconheceu que as demandas sociais insatisfeitas não acabaram nos meses em que conduziu o processo de eleições gerais na Bolívia e o processo de transição constituinte, mas ressaltou que, hoje, os partidos estão mais orgânicos e sensíveis à representação cidadã. O ex-presidente ressaltou que a nova constituinte e o referendo autônomo, que será realizado em julho para avaliar a autonomia dos nove departamentos que formam a Bolívia, será um dos pilares do pacto nacional boliviano.

Ele enumerou também algumas tarefas cumpridas enquanto esteve à frente do cargo, entre elas o aumento dos investimentos privados, derivados principalmente dos impostos cobrados pelos derivados de petróleo, a redução do déficit fiscal a 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB), o aumento das reservas internacionais e o crescimento do investimento público numa porcentagem superior ao orçamento aprovado. Rodríguez ressaltou ainda que a Bolívia cresceu 4% no ano passado, o que revela sua relativa estabilidade econômica.

Ainda como um balanço de seu governo, o ex-presidente, que volta a presidir a partir de agora, a Suprema Corte de Justiça, destacou a distribuição de sete mil títulos de terra. Segundo ele, a maioria beneficiou os camponeses que já ocupavam a terra. Rodríguez lembrou que ainda há desafios a superar, como a pobreza e as desigualdades nas áreas de saúde, educação, segurança alimentar e desenvolvimento humano.

Ele enfatizou que a liberdade e a convivência pacífica estão associadas à justiça social e que as instituições democráticas devem estar fortalecidas para alcançar a estabilidade política.