Mylena Fiori
Enviada especial
Hong Kong - O representante europeu de Comércio, Peter Mandelson, afirmou hoje (18), ao comentar o documento final da 6ª Conferência Ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), que os europeus impediram o fracasso do encontro. "Mesmo que não possa ser considerado um grande sucesso, nosso movimento foi suficiente para impedir um fracasso", disse.
Mandelson só aceitou fixar uma data para o fim dos subsídios à exportação depois de muita pressão dos representantes de 110 países em desenvolvimento membros da OMC e dos grandes exportadores. Enquanto negociava em nome dos 25 países europeus, comissários de diferentes países reuniam-se diariamente para avaliar as negociações. Ao final, Mandelson conseguiu, pelo menos, impor a data de 2013 – ano da reforma da Política Agrícola Comum Européia. "O compromisso é aceitável pela União Européia", afirmou.
Quanto à abertura dos mercados dos países em desenvolvimento para bens não-agrícolas, a Europa não conseguiu determinar valores de corte, mas emplacou a chamada fórmula suíça, que prevê cortes maiores para tarifas maiores. "O documento avança um pouco na boa direção, mesmo que isso não seja suficiente para nós", disse Mandelson.
O comissário europeu, porém, afirmou que os membros da OMC poderiam ter "ido mais longe" no pacote de desenvolvimento para os países mais pobres. "Temos o compromisso de cobrir 97% dos produtos destes países, mas sem data limite para a eliminação total", destacou.
A ministra do Comércio da França, Céline Legarde, disse que não ficou "muito satisfeita" com os acordos. Entretanto, o ministro francês da Agricultura, Dominique Bussereau, reconheceu que a declaração final não compromete a política agrícola européia. A França é uma das maiores interessadas em manter o protecionismo europeu na área agrícola.