Amorim diz que acordos de Hong Kong abrem brecha para novas negociações até abril

18/12/2005 - 15h48

Mylena Fiori
Enviada especial

Hong Kong - O pacote de desenvolvimento para os países de Menor Desenvolvimento Relativo (LDCs), com acesso a mercado, livre de cotas e tarifas, para produtos daqueles países, era outra aposta de acordo "fácil" que se mostrou não tão simples no decorrer das negociações da 6ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), encerrada hoje (18). A abertura de mercados poderia ameaçar certos setores em países desenvolvidos, como os têxteis americanos frente à competitiva produção de Bangladesh.

A partir de 2013, a abertura de mercado para os países mais pobres não será total, mas de 97% – o que possibilitará excluir os produtos nos quais estes países são competitivos. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reconheceu que não houve progresso em acesso a mercados, mas disse acreditar que os acordos de Hong Kong abrem uma brecha para novas negociações até abril – data fixada para mais um encontro ministerial, já apelidado de Honk Kong 2. Teoricamente, no encontro devem ser definidas as chamadas modalidades, que são as instruções para a implementação dos acordos pelos países membros.

Na barganha por avanços em Agricultura, porém, os países em desenvolvimento cederam, em partre, na abertura de seus mercados para bens industriais, como exigiam os países ricos. Em produtos mnufaturados, ficou acertado que será utilizada a chamada fórmula suíça, que determina o mesmo percentual de corte de tarifa para todos os produtos, independente do setor. O percentual de corte ainda deverá ser negociado, mas o texto deixa em aberto a possibilidade de adoção de cortes diferentes nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Em servicos, praticamente nada mudou. Ficou estabelecido que a abertura do mercado se dará pelo sistema de ofertas e demandas – cada país diz os setores de interesse em atuar e em oferecer abertura. Os Estados Undios queriam que todos se comprometessem com um percentual mínimo de abertura – cada país teria liberdade, apenas, para escolher quais setores abriria, e em que medida, para chegar ao tal percentual minimo. "É um texto equilibrado", resumiu Amorim.