Rio, 18/12/2005 (Agência Brasil - ABr) - Carência afetiva, perda do respeito à autoridade, vulnerabilidade social e aliciamento pelo crime organizado. Essas são algumas das razões que podem levar uma criança ou adolescente ao mundo do crime, segundo a antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo de Pesquisa das Violências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
"A adolescência é uma fase de passagem da infância para a idade madura. É uma fase cheia de dificuldades. E é exatamente nessa fase que o jovem precisa de um acompanhamento. Aqueles que têm menos apoio familiar precisam de mais apoio do poder público", disse a antropóloga.
De acordo com Alba Zaluar, é cada vez maior o número de crises intrafamiliares que revelam uma crise da autoridade e que podem desembocar em um ingresso do jovem na criminalidade. "A crise de autoridade é evidente, não só na família, mas na escola também. Este é um indício de que nossa educação moral está deixando a desejar. É preciso que haja serviços abertos para as famílias onde isso acontece de forma recorrente."
Alba Zaluar ressaltou que as famílias do estrato mais pobre da sociedade são mais vulneráveis a isso. "As mães saem para trabalhar e, às vezes, não têm um esquema familiar em que possam contar com parentes próximas, como as avós e os tios das crianças, para substitui-la, enquanto está trabalhando. E aí as crianças acabam sendo deixadas, ou com irmãos mais velhos, que não têm condição de tomar conta devidamente, ou então ficam na rua", afirmou Alba Zaluar.