Stédile faz críticas à política econômica brasileira

21/11/2005 - 19h48

Rio, 21/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - A política econômica brasileira recebeu críticas hoje (21) de João Pedro Stédile, um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "O presidente Lula vai ser cobrado pela História, quando faz propaganda de que essa política é dele e é um sucesso. Nem é dele, nem é sucesso. É uma política econômica do capital internacional que é uma vergonha para o povo brasileiro", afirmou, no seminário Resgatando a Dignidade: Ética, Estado e Sociedade.

Segundo Stédile, os movimentos sociais, em geral, estão muito preocupados com a situação do Brasil. "O Brasil vive, sim, uma grave crise, que é muito mais profunda do que reduzi-la a casos de corrupção. Nós achamos que o Brasil vive uma crise econômica", disse.

Ele defendeu que por causa do modelo econômico existem, atualmente, 12 milhões de brasileiros adultos desempregados e mais15 milhões no trabalho informal. "São 27 milhões de brasileiros na calçada, fora do processo produtivo e não têm sequer os direitos sociais e trabalhistas assegurados. Só não há uma tragédia social nesse país graças à Constituição de 88, que incluiu o SUS [Sistema Único de Saúde], que é uma conquista do povo e garante atendimento de saúde gratuito aos pobres", analisou.

Para Stédile, o sistema de eleição a cada dois anos "não é democracia, é hipocrisia". E existe uma crise ideológica no país, que não vem debatendo com firmeza os problemas nacionais, conforme defendem os movimentos sociais. "Precisamos urgentemente construir um projeto de desenvolvimento que não só resgate a soberania nacional, mas que resgate a dignidade do povo. Ele se sente digno quando tem trabalho e renda", afirmou.

O coordenador criticou, ainda, o fato de o governo brasileiro ter mandado tropas para o Haiti, o que para ele, só atende aos interesses dos Estados Unidos: "Nós vamos pagar caro ao povo do Haiti esse erro político de se prestar a ser capataz dos Estados Unidos, porque os 4 mil soldados brasileiros, quando chegaram ao Haiti, liberaram 7 mil norte-americanos que de lá foram direto para o Iraque".