Cecília Jorge e Juliana Andrade
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O relatório mundial sobre a situação da epidemia de aids em 2005 destaca como exemplo positivo a iniciativa brasileira de prevenção da doença entre os usuários de drogas injetáveis. "Nas cidades brasileiras, a contribuição do consumo de drogas injetáveis para a transmissão do vírus HIV parece ter diminuído. Parte desse êxito poderia ser atribuído aos programas de redução do risco", afirma o documento.
No Brasil, segundo o diretor do Programa Nacional de DST/Aids, Pedro Chequer, dois terços dos usuários de drogas injetáveis que participam de projetos de redução de danos não compartilham seringas. Estima-se que no país existam cerca de 200 mil usuários de drogas.
O relatório foi lançado hoje (21) pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma das principais conclusões do estudo é que o combate à doença se torna mais eficaz quando as ações de prevenção e tratamento são executadas de forma integrada.
"A elaboração de modelos matemáticos que comparam uma variedade de situações mostra que, quando a prevenção e o tratamento eficazes se ampliam conjuntamente, há benefícios tanto em relação a novas infecções pelo HIV como mortes são evitadas", indica o relatório. A adoção desse modelo pelos países da África subsaariana, segundo o documento, poderia evitar 55% das novas infecções estimadas até 2020.
O diretor do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) na América Latina e Caribe, Nils Kastberg, destacou ainda a política brasileira de universalização do tratamento gratuito dos doentes. O Brasil é citado com Chile, Argentina e Cuba como um dos países que atendem cerca 80% das pessoas que precisam de tratamento. "Na situação do tratamento, o Brasil está avançando na cobertura universal e ajudando o Paraguai, a Bolívia e outros países", elogiou Kastberg.
Apesar desses avanços, Pedro Chequer disse que o país ainda tem desafios a enfrentar. "Nós não somos o primor da prevenção, de modo algum. Eu acho que é um processo em construção", ponderou. "Temos que construir, em parceria com a sociedade civil, estados e municípios e agências internacionais uma política mais sustentável." Para ele, o fortalecimento da política de combate à aids passa pela produção nacional de medicamentos, inclusive de matéria-prima.