Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), tentou durante todo o dia de hoje (21) um acordo com a oposição para evitar a convocação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, ou transformá-la em um convite. Para o relator da CPI, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), se Palocci recebesse apenas um convite, isso "descaracterizaria" o princípio de investigação da comissão.
O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que a estratégia, amanhã, é garantir a presença maciça da oposição na CPI dos Bingos para que o requerimento seja aprovado. Já o relator Garibaldi Alves disse ter conversado com parlamentares da oposição que concordam em deixar que o ministro da Fazenda marque a data do seu depoimento, desde que a convocação seja efetivamente aprovada.
Para o senador petista Tião Viana, a convocação do ministro não cabe neste momento. "Tem que ter um fato objetivo e concreto. Se o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Civil de São Paulo dizem que não tem elementos para indiciar o ministro Palocci, porque a CPI vai convocá-lo?", questionou o senador.
Palocci está sendo investigado pela CPI por suposto envolvimento em casos de corrupção quando era prefeito de Ribeirão Preto (SP) e por denúncias publicadas na imprensa como, por exemplo, o suposto envio de recursos de Cuba para ajudar na campanha presidencial petista de 2002.
Em depoimento no dia 16 de novembro à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Palocci atribuiu à perseguição política de "instituições respeitáveis" de Ribeirão Preto (SP) as denúncias de corrupção que vêm sendo feitas contra ele. Palocci também disse aos senadores da comissão que não houve o repasse de recursos de Cuba, Angola ou das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). "Participei integralmente (da campanha) e sei que nada disso (doeções do exterior) ocorreu", afirmou na ocasião.