Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dez e meia da manhã na cidade do Rio. O telefone toca na central do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - Samu 192 - e uma atendente responde ao chamado. Do outro lado da linha, um homem comunica um acidente. Sua irmã, uma jovem de 21 anos, caiu de costas no chão, dentro de casa, e está sentindo dores na coluna.
Após pegar informações sobre a paciente, a atendente transfere, imediatamente, a ligação para um médico, que começa a dar orientações ao irmão da vítima. "Ela consegue se levantar? Ela não consegue se levantar, não? Você vai colocar ela deitadinha aí e vai colocar gelo envolto em uma toalha sobre ela. Você tem algum analgésico ou antiinflamatório aí?", indaga o médico.
O clínico-geral José Franco Lattario é o profissional que orienta o irmão da vítima. Ele é um regulador, como são chamados os profissionais de medicina que trabalham na central telefônica do Samu. Falando com os pacientes pelo telefone, ele tenta dar as primeiras orientações às vítimas de acidentes ou de males súbitos que recorrem ao serviço através do número 192.
Além de dar orientações de primeiros socorros e medicações iniciais, Lattario tem um trabalho de grande responsabilidade, assim como seus outros 34 colegas que se revezam em turnos de 24 horas na central telefônica do Samu carioca. São os reguladores que decidem se será necessário enviar ou não uma ambulância ao local da ocorrência.
No caso da jovem de 21 anos, Lattario decidiu resolver o caso pelo próprio telefone, comprometendo-se a retornar a ligação para a casa da vítima, uma hora depois, para acompanhar a evolução do quadro. Afinal, ele sabe que outros casos mais graves chegarão à central do Samu e é preciso reservar as 63 ambulâncias do serviço, no Rio, para essas ocorrências.
"O que acontece, às vezes, é que somos ‘enganados’. A pessoa liga dizendo que seu caso é algo de muito vulto, mas quando nossa equipe chega no local vê que é apenas uma bebedeira ou uma unha encravada, uma coisa banal", conta Lattario.