Abertura de arquivos vai ajudar a localizar corpos de desaparecidos, diz presidente de comissão

20/11/2005 - 18h07

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A abertura dos arquivos do regime militar poderá contribuir para a localização dos corpos das pessoas desaparecidas naquele período. Segundo o presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Augustino Veit, ainda estão desaparecidas 64 pessoas que participaram da guerrilha do Araguaia na década de 70 e dez militantes políticos que atuaram contra a ditadura.

"Os familiares daqueles que morreram e nós, militantes de direitos humanos e cidadãos brasileiros, temos que saber em que circunstâncias essas pessoas morreram, se morreram sob tortura, se morreram enforcadas", afirmou Veit, em entrevista à Agência Brasil.

Os arquivos secretos do governo federal serão tornados públicos a partir de 31 de dezembro. Os documentos produzidos pela Comissão Geral de Investigações (CGI), pelo Conselho de Segurança Nacional (CSN) e pelo Serviço Nacional de Informação (SNI), órgãos federais já extintos, ficarão disponíveis no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. A abertura foi autorizada em decreto presidencial publicado ontem (19).

Veit afirmou que a abertura dos arquivos será importante também para a história do país. "Os pesquisadores, os historiadores poderão agora finalmente, talvez, revelar o que a sociedade ainda não sabe sobre o que ocorreu durante a ditadura militar". Segundo ele, a iniciativa não influenciará na indenização dos familiares dos mortos e desaparecidos, porque já foram concedidas. "Independentemente da localização dos restos mortais dos desaparecidos políticos, a indenização às famílias já foi dada", informou.