Atraso não diminui entusiasmo dos participantes dos Jogos dos Povos Indígenas em Fortaleza

20/11/2005 - 17h36

Olga Bardawil
Repórter da Agência Brasil

Fortaleza - Com uma demonstração de corrida de tora, chamada de jamparti, começou a ser disputada na tarde de hoje (20) no aterro da praia de Iracema, a oitava edição dos Jogos dos Povos Indígenas. Apesar do atraso de mais de uma hora e do público reduzido, a maioria dos participantes demonstrava muita animação, fiel ao lema dos jogos: o importante não é competir, é celebrar.

Entre os mais de mil índios representando 31 etnias, estava Tarcilo, 25 anos, da tribo dos paricis de Mato Grosso. Ele não participou da corrida de tora porque essa é uma modalidade que não existe na sua tribo. Impressionado com a imensidão do mar à sua frente, que ele nunca tinha visto, Tarcilo não tirou os olhos das ondas nem para explicar porque considera importante a reunião de tantas tribos geograficamente tão distantes entre si. "A gente tem, até orgulho de dizer porque isso aqui está trazendo uma grande união dos povos indígenas. A gente sabe que tem muitos povos indígenas mas a gente não conhecia. Hoje não, hoje a gente está conhecendo todo mundo, do Brasil inteiro".

A poucos metros dali, o jovem Aruanã, um pataxó de 18 anos, esperava para participar da prova de arco e flecha. Para ele, mostrar sua cultura, seu jeito de viver, é o mais importante. Com a metade inferior do rosto pintada de vermelho, Aruanã explicou tratar-se da sua pintura pessoal para festa, já que por ser solteiro ele tem liberdade para escolher como quer pintar o rosto. "Para nós, cada pintura é diferente. De mulher é uma, de homem, é outra. Mas de solteiro é diferente. Os homens solteiros podem fazer a pintura que quiserem para chamar a atenção das moças. E as moças solteiras também". - disse Aruanã, observado de perto por três delas.

Os 8º Jogos dos Povos Indígenas, que começaram ontem (19), vão até o próximo domingo (26), com disputas em 15 modalidades de esportes, inclusive futebol masculino e feminino.