Aula sobre chegada dos escravos ao Brasil marcou Dia da Consciência Negra no Rio

20/11/2005 - 12h44

Daysi Nascimento
Repórter da Agência Brasil

Rio - O Dia da Consciência Negra, no Rio, foi marcado por uma aula sobre o desembarque dos escravos na área portuária da cidade e sobre a resistência dos afrodescendentes, que até hoje permanecem na região, preservando sua cultura e tradição.

Em 1816, os escravos aterraram parte da área onde existe atualmente o Bairro da Saúde, no centro da cidade. O aterro deu origem à Pedra do Sal, para onde os escravos eram encaminhados pelos seus donos. A área foi prometida aos negros, pelos representantes da Coroa Portuguesa, para que eles pudessem plantar e sobreviver, mas a promessa não foi cumprida. Há 20 anos a Pedra do Sal foi tombada como patrimônio da cidade.

Atualmente, 560 afrodescendentes vivem no local e lutam para que a área seja reconhecida como quilombo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pela Fundação Palmares.De acordo com a coordenadora do Movimento Negro Unificado, no Rio, Isabel Cristina Costa Ferreira Baltazar, a Pedra do Sal atende às exigência do Incra e da Fundação. Ela afirmou que o processo para transformar em quilombo urbano depende de um parecer geográfico e cartográfico, que já está sendo providenciado, para depois ser encaminhado ao Incra.

Para Isabel Cristina a mobilização dos moradores da Pedra do Sal é um forte instrumento de transformação das desigualdades sociais e de luta contra o racismo. "É preciso criar políticas de inclusão que possibilite maior equilíbrio de oportunidade e reconhecimento da raça negra", ressaltou.

Além da luta política, os remanescentes dos escravos comemoraram o Dia da Consciência Negra com a instalação da Associação dos Quilombolas da Pedra do Sal, além de rodas de afoxé e apresentação de grupos de música e dança africanas.