Sub-relator considera ''precipitada'' denúncia de Serraglio sobre Banco do Brasil

04/11/2005 - 20h10

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A divulgação prévia de dados da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios foi critica hoje (4) pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT), que é sub-relator de contratos da comissão. Abicalil considerou "precipitado e imprudente" o relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), ao divulgar dados ontem (3), sem, segundo ele, uma análise mais aprofundada.

Abicalil afirmou que mais documentos para complementar a investigação devem chegar à comissão na terça-feira (8). Segundo Abicalil, são documentos contábeis da DNA Publicidade, do empresário Marcos Valério de Souza, que estão em poder da Polícia Federal.

No último dia 25 de outubro, o Banco do Brasil notificou a empresa DNA pela falta de comprovação do uso de R$ 9,09 milhões. A verba fazia parte de um contrato de publicidade R$ 35 milhões, feito pelo BB. O dinheiro era parte do Fundo de Incentivo ao Marketing da Visanet – fundo a que todos os sócios a Visanet têm direito para divulgar a marca. Serraglio acredita que o dinheiro, que pode não ter sido usado em publicidade, tenha ido para o PT. Afirma que a DNA transferiu, no dia 22 de abril, R$ 10 milhões para o banco BMG. No dia 26 de abril o BMG concedeu um empréstimo à empresa Rogério Lanza Associados, com Marcos Valério como sócio – justamente no valor de R$ 10 milhões.

"Essa denúncia é precipitada, imprudente. Lamento que ela tenha partido da CPMI, quando não foi ainda objeto de deliberação ou de observação do conjunto da comissão", disse. Para Carlos Abicalil, a versão de repasse de verbas ao PT é "fantasiosa".

"É necessário apurar os R$ 9 milhões que o Banco do Brasil mesmo declara que estão pendentes de conciliação, eu não estou me eximindo desta responsabilidade. Mas não é correto dizer que foi conclusão do banco dizer que os serviços não foram prestados e que o dinheiro foi desviado. Isso é absolutamente impróprio e não corresponde ao que foi documentado pelo Banco do Brasil à CPMI", afirmou.

"Só poderei afirmar se houve desvio da DNA de verbas de serviços contratados pelo Banco do Brasil quando não houver a comprovação da conciliação dos serviços solicitados". O petista afirmou que é uma prática comum no mercado publicitário a antecipação de verba de publicidade, o que possibilita descontos na veiculação da mídia.

Ele informou que o fato de o Banco do Brasil participar do consórcio Visanet com outros bancos e ter publicidade consorciada em um único fundo da Visanet é normal. "É uma prática comum daqueles participantes do fundo Visanet, inclusive bancos privados Bradesco e ABN, e também do Banco do Brasil, e portanto não resulta em qualquer ilegalidade", disse Abicalil.

"Pinçar dados de sigilos bancários de posse da CPMI pode contemplar todos os gostos", comentou Abicalil. Ele disse, ainda, que outras observações não foram feitas pelo relator, entre elas, "o saldo das contas correntes do Marcos Valério na data da operação que ele indica como sendo viciada e o saldo na conta corrente do BB que dá lastro a outras possibilidades".