Pizzolato nunca participou de Conselho Deliberativo da Visanet, diz advogado

04/11/2005 - 20h25

Adriana Franzin e Paulo Montoia
Da Agência Brasil

Brasília – "A Visanet possui um conselho deliberativo, do qual participam três membros do banco e Pizzolato nunca ocupou nenhum cargo ou função nesse conselho", afirmou Mario de Oliveira Filho, advogado de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil (BB). Em entrevista concedida à Agência Brasil, o advogado disse que, como diretor de marketing, Pizzolato não tinha poder de decidir sobre contratação ou rescisão de contrato das empresas de publicidade.

Segundo o advogado, a Visanet, em conjunto com a diretoria de varejo do banco, alocava o recurso que achava necessário para uma campanha que a interessava, e determinava a periodicidade e o tipo de campanha. Depois de formatado, o plano era remetido ao marketing: "Cabia ao marketing, especificamente e exclusivamente, a execução da campanha publicitária".

Ele informou que a antecipação de valores para as empresas de publicidade era de responsabilidade da diretoria de varejo e que Pizzolato determinou medidas contra esse tipo de movimentação. No início de 2005, disse o advogado, "Pizzolato se reuniu com os membros do conselho deliberativo da Visanet e orientou-os no sentido de que as verbas não deveriam mais ser depositadas antecipadamente, e sim pagas evento por evento". Desta forma, acrescentou, "o banco tinha um controle mais efetivo sobre a movimentação dos valores".

Segundo Oliveira Filho, em abril de 2004, Pizzolato chegou a pedir que a DNA, empresa de Marcos Valério de Sousa, informasse mensalmente a movimentação dos recursos antecipados para campanha publicitária. "Isto só era feito no final de campanha, passou a ser mensal por determinação do Pizzolato", ressaltou.

No último dia 25 de outubro, o Banco do Brasil notificou a empresa DNA pela falta de comprovação de uso de R$ 9,09 milhões. A verba fazia parte de um contrato de publicidade R$ 35 milhões, feito pelo BB no dia 12 de março de 2004. O dinheiro era parte do Fundo de Incentivo ao Marketing da Visanet – fundo a que todos os sócios a Visanet têm direito para divulgar a marca. A Visanet alega que não tem controle sobre os contratos que cada sócio firmou. Já o Banco do Brasil está fazendo uma auditoria interna para saber se houve realmente desvio de recursos.

O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), acredita que o dinheiro, que pode não ter sido usado em publicidade, tenha ido para o PT. A CPMI afirma que, próximo ao depósito do Banco do Brasil, a DNA transferiu, no dia 22 de abril, R$ 10 milhões para o banco BMG. No dia 26 de abril o BMG concedeu um empréstimo à empresa Rogério Lanza Associados, com Marcos Valério como sócio – justamente no valor de R$ 10 milhões.