Pagamento adiantado não é comum, diz Associação de Agências de Publicidade

04/11/2005 - 15h56

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O pagamento de um serviço publicitário antes de sua execução "não é normal" no setor, afirma Dalton Pastore, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap). Em entrevista hoje (4), à Agência Brasil, Pastore disse não conhecer "nenhum caso semelhante". "Uma agência de publicidade receber antes de prestar o serviço seria muito bom, mas não é normal", afirmou.

O presidente da Abap destacou que a atividade publicitária funciona como qualquer outra prestação de serviço. "Você executa o trabalho, fatura e ele é recebido 30 dias da data, 45 ou 15 dias depois", explicou.

O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou ontem (3) que a DNA – agência de publicidade do empresário Marcos Valério de Souza – recebeu do fundo de publicidade da Visanet R$ 35 milhões adiantados, sem que o trabalho estivesse executado.

A Visanet é uma empresa que tem como um de seus principais acionistas o Banco do Brasil (BB), com 32,5% do capital. O BB divulgou ontem uma nota informando que uma auditoria interna detectou que R$ 9 milhões que haviam sido encaminhados para a DNA não tinham seus gastos comprovados. O deputado Osmar Serraglio disse que as investigações apontam que os R$ 9 milhões teriam sido repassados ao Partido dos Trabalhadores (PT), por meio de operações de Marcos Valério com o BMG.

O presidente da Abap diz não saber como o empresário Marcos Valério "consegue faturar sem comprovar o gasto". "Quando uma agência de publicidade envia uma fatura a um cliente, ela vai acompanhada do pedido de serviço, fatura do fornecedor, comprovante de veiculação ou comprovante de execução do serviço. Então eu não sei como é possível que um anunciante tenha pago e aguarda a comprovação para depois", afirmou Pastore.

O Banco do Brasil diz, na nota, ter notificado a agência DNA extra-judicialmente sobre os R$ 9 milhões que não tiveram comprovação. E afirma aguardar uma resposta para adotar "medidas judiciais cabíveis". O presidente da ABAP disse ainda que o valor do contrato em questão é bastante "relevante". "Uma verba de R$ 35 milhões deixa qualquer produto entre os maiores anunciantes do Brasil, provavelmente entre os 50 maiores anunciantes", destacou Pastore.