Hospitais estaduais do Rio funcionam parcialmente por conta da greve dos profissionais de saúde

24/08/2005 - 14h44

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Rio - Os hospitais estaduais do Rio de Janeiro estão funcionando precariamente por causa da greve dos profissionais de saúde. A paralisação completou 84 dias nesta quarta-feira. Apenas o setor de emergência das unidades está funcionando e, assim mesmo, os médicos só atendem os casos mais graves. A rede é composta por 13 hospitais, entre eles o Pedro Segundo (Santa Cruz), Rocha Faria (Campo Grande), Albert Schweitzer (Padre Miguel), Carlos Chagas (Marechal Hermes), Saracuruna (Baixada Fluminense), e Ary Parreira (Niterói), além de 12 institutos especializados e 4 postos de assistência médica.

No hospital Rocha Faria, o maior da rede na zona oeste da cidade, a equipe médica da emergência está reduzida pela metade. Faltam ortopedistas, anestesistas, neurologistas e pediatras. Com o filho de dois anos ardendo em febre, Adriana Pedroti, também não conseguiu atendimento. "Meu filho foi mordido por carrapatos e está com muita febre, mas só tem um médico atendendo e ele disse que ainda vai fazer uma triagem e só vai atender os casos mais graves".

A dirigente do Sindicato dos Trabalhadores na área da saúde no Rio de Janeiro (Sindisprev-RJ), Clara Fonseca, explicou que além de reivindicar a reposição das perdas salariais e um plano de cargos e salários, a categoria quer o fim do sistema de cooperativas e a realização imediata de concurso público para a contratação de profissionais de saúde. Segundo ela, o sistema imposto pelo governo afastou ainda mais os profissionais.

"Ao todo, a rede de saúde do estado tinha 9.500 prestadores de serviço contratados diretamente pelo governo. Mas, devido à proibição por lei de terceirizar o serviço, a governadora Rosinha Matheus instituiu o sistema de cooperativas para contratar os profissionais. Só que a maioria não aceitou as condições e saiu, pois muitas cooperativas não são da área da saúde e sim de catadores de papel, de serviços de limpeza e até de transporte alternativo. Os salários atrasam e ainda vêm com descontos", denunciou a sindicalista.

O secretário de saúde do Estado, Gilson Cantarino, informou através de sua assessoria de imprensa que não vai se manifestar sobre a greve, porque as negociações com os profissionais de saúde estão em curso. Quanto ao sistema de cooperativas para a contratação dos prestadores de serviço, a assessoria informou que foi o instrumento legal encontrado para contratar os profissionais até que o governo possa realizar um novo concurso público, o que deve acontecer no início do próximo ano.

Ainda segundo a secretaria de saúde, o prazo de validade do concurso realizado em 2001 foi prorrogado até outubro e dos 36.424 aprovados, 8.700 já foram chamados e as convocações continuam acontecendo. A assessoria disse que são ao todo 40 cooperativas credenciadas pelo governo do estado, mas que desconhece o fato delas não serem da área da saúde.