Líderes do PSDB, PFL e PMDB dizem que Costa Neto renunciou para evitar cassação

01/08/2005 - 23h05

Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Os líderes na Câmara e no Senado apontaram a decisão do deputado Valdemar da Costa Neto (PL-SP) de renunciar ao seu mandato parlamentar como uma estratégia para evitar a sua futura cassação. Costa Neto decidiu renunciar depois de admitir que recebeu, do Partido dos Trabalhadores (PT), recursos não contabilizados na Justiça Eleitoral. O dinheiro teria sido usado para quitar dívidas das eleições de 2002, quando o PL esteve coligado com o PT.

O líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), disse que Costa Neto agiu pensando no seu futuro político. "É melhor perder um ano e meio de mandato do que dois mandatos futuros", afirmou Suassuna. Na avaliação do líder, a renúncia de Costa Neto deverá ser a primeira de uma série na Câmara – uma vez que vários parlamentares estão sendo acusados de ter recebido recursos sem declará-los à Justiça Eleitoral. "O efeito dominó existirá. Isso com certeza é uma confissão de culpa do deputado Costa Neto", ressaltou.

O líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), também disse acreditar no "efeito dominó" na Câmara após a decisão de Costa Neto. O líder pefelista afirmou que outros deputados terão que admitir o erro caso sejam comprovados novos envolvimentos com caixa dois. "Pelos números apresentados, pela quantidade de parlamentares que sacaram recursos no Banco Rural, é natural que outros deputados renunciem aos seus mandatos", disse Maia.

Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que a estratégia de Costa Neto teve como objetivo evitar a sua cassação e, em conseqüência, absolver outros parlamentares. "Se trata de um anistiar o outro para evitar que todos sejam condenados. É um gesto de absoluto cinismo deles todos. É uma tentativa de fugirem do julgamento do casa. É algo que a mim não surpreendeu", afirmou.

Na avaliação do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), membro do Conselho de Ética da Câmara e da CPI dos Correios, o deputado Valdemar da Costa Neto renunciou por estar envolvido em irregularidades ainda não totalmente esclarecidas. "Não é uma história de mera contabilização de dinheiro. Ninguém renuncia ao mandato por não declarar recursos à Receita Federal. Há uma confissão e ela mostra que havia um financiamento não restrito ao Delubio Soares (tesoureiro licenciado do PT) e ao Marcos Valério", disse Fruet.

Para a vice-líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), a renúncia de Costa Neto traz uma "turbulência a mais" no cenário político nacional. "Nenhuma dessas questões vai nos tirar do eixo central, que é dar condições para que o país continue crescendo e levar a sério as investigações para que os responsáveis sejam punidos", disse Ideli Salvatti.