CPI da compra de votos convoca Roberto Jefferson para depor

01/08/2005 - 23h03

Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a compra de votos aprovou hoje requerimento de convocação para que o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) compareça à CPI na próxima quarta-feira (03). Jefferson é o autor das denúncias sobre a existência de um suposto esquema de pagamento de mesadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) a parlamentares do PP e do PL em troca de apoio ao governo federal.

Será o primeiro depoimento na Comissão desde que foi instalada, há duas semanas. A CPI também investiga se houve compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição, em 1997.

No total, já foram apresentados 56 requerimentos de convocação à CPI da compra de votos. O presidente da Comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), colocou em votação apenas a convocação de Jefferson. Antes de aprovar o requerimento, a CPI discutiu a permanência do deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) na relatoria dos trabalhos. O deputado é acusado de ter recebido dinheiro do publicitário Marcos Valério na campanha eleitoral de 1998.

Abi-Ackel admitiu ter recebido recursos para o financiamento de sua campanha à Câmara, mas afirma que as transferências não foram feitas diretamente a ele, e sim à coordenação da campanha. Deixou claro que não está disposto a deixar a relatoria da CPI. "O cargo de relator é uma missão espinhosa. Assumi o cargo com a disposição de interpelar, além de pessoas, os fatos com lisura e isenção. Nada me impede a isso", enfatizou. O deputado disse que o fato de ter recebido recursos não declarados à Justiça Eleitoral em 1998 não o impede de relatar os trabalhos da CPI.

Vários membros da CPI questionaram a decisão de Abi-Ackel permanecer na relatoria. "Esperava que o relator declinasse do cargo. Há uma suspeição que envolve o seu nome. Não pode haver suspeição sobre nenhum dos membros dessa CPI", afirmou o deputado João Correia (PMDB-AC). Para a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), o deputado deveria abdicar da relatoria para evitar constrangimentos aos membros da CPI. "Acho que o senhor Abi-Ackel vai ser questionado o tempo todo. Se pudermos evitar ficar dando explicações, seria melhor", ressaltou.