Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Depois de quase oito horas de depoimento, a diretora financeira da empresa SMP&B, Simone Vasconcelos, deixou a Polícia Federal na noite desta segunda-feira, pela garagem. Funcionária do empresário Marcos Valério, Simone aparece nos documentos do Banco Rural entregues à CPMI dos Correios como uma das principais sacadoras de dinheiro nas contas de empresas do publicitário. Desde 2003, ela teria recebido autorização para sacar cerca de R$ 5,5 milhões.

Para explicar o destino desse dinheiro, ela levou à Polícia Federal uma lista com o nome das pessoas para quem entregou os saques, a maior parte das vezes na agência do Banco Rural do Brasília Shopping. A procuradora da República no Distrito Federal, Raquel Branquinho, acompanhou parte do depoimento e afirma que Simone se dispôs a explicar cada pagamento.

"Ela sustenta a tese do Valério de que eram empréstimos tomados com o Banco Rural e pagos a partir de indicações do Delúbio Soares (tesoureiro licenciado do PT). Diz que não era mensalão. Mas empréstimo de partido a partido", conta a procuradora. Segundo Raquel Branquinho, Simone Vasconcelos ressaltou que foi responsável apenas por parte dos empréstimos. Considerando o total que Marcos Valério afirma ter emprestado ao PT, Simone diz que outras parcelas do pagamento eram feitas diretamente por diretores das agências SMP&B e DNA.

Nesta terça-feira, o delegado responsável pelo caso, Luís Flávio Zampronha, continua a interrogar pessoas que sacaram dinheiro nas contas de empresas do publicitário Marcos Valério. A agenda de depoimentos não foi divulgada pela assessoria da Polícia Federal. Na semana passada, estavam previstos os depoimentos de outra funcionária da SMP&B, Geiza Dias, e do policial civil David Rodrigues Alves.