Brasília, 8/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - Depois de 37 dias em greve, parte dos funcionários públicos federais que estão com as atividades paralisadas pode retornar ao trabalho na próxima quinta-feira (14). Em assembléia geral da Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais (Condsef), realizada hoje, os grevistas decidiram pelo indicativo para retorno ao trabalho, mas a proposta ainda vai ser discutida em assembléias estaduais. A Condsef representa servidores do chamado Plano de Classificação de Cargos, o que não inclui os funcionários dos ministérios da Previdência Social, Saúde e Trabalho.
Os grevistas discutiram o fim da paralisação ao longo do dia, depois que o governo apresentou proposta, na noite de ontem (7), prevendo revisão da remuneração a partir de 2006. Os servidores reivindicam reajuste salarial de 18%, além da extensão para toda a categoria do reajuste de 47,11% concedido pelo governo aos funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os valores do reajuste, no entanto, estão sendo negociados pelo governo, separadamente, com cada categoria.
Segundo o chefe do Departamento de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Vladimir Nepomuceno, o reajuste salarial não pode ser concedido neste ano devido às restrições orçamentárias. "Eles entenderam que a restrição imposta pela conjuntura não nos permitiu nenhum acréscimo de despesas para 2005. A partir de 2006 a gente inicia processo de recomposição salarial. Eles cederam, entendendo a nossa dificuldade", ressaltou.
Segundo Nepomuceno, caso os servidores decidam acatar a proposta, não serão descontados nos dias paralisados. "O Ministério do Planejamento se compromete a não efetuar o desconto dos dias parados, desde que até quarta-feira os servidores retornem ao trabalho e a gente organize junto com os dirigentes sindicais um cronograma de reposição", disse.
O representante do Ministério do Planejamento reconhece como justa a reivindicação da categoria por melhores salários. Ele defendeu a reestruturação das carreiras dos servidores, já que o Plano de Classificação foi elaborado em 1970: "Precisamos de atualização, de carreiras mais modernas e adequadas". Vladimir Nepomuceno comemorou a inclusão no Orçamento Geral do valor final do reajuste, a ser definido durante as negociações: "Pela primeira vez o resultado de uma negociação vai constar do Orçamento do ano seguinte. Não vamos trabalhar em cima de um calendário atrasado".
A Condsef representa cerca de 600 mil servidores e garante que a greve tem adesão de 70% da categoria em todo o país. Mais de 30 órgãos do governo federal estão com as atividades paralisadas, entre eles o INSS, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e os ministérios da Cultura, Fazenda e Agricultura. O diretor da Condsef, Sérgio Ronaldo, avaliou como positiva a proposta do governo: "Esta foi a primeira vez em que o governo sinalizou com uma agenda objetiva. É claro que gostaríamos de receber um reajuste neste ano, mas foi o limite que conseguimos e estamos avaliando".