Presidente dos Correios conversou em fevereiro com empresário suspeito de gravar entrega de propina

30/05/2005 - 22h41

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Apontado pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos autores da gravação que levou à CPI dos Correios, o empresário José Santos Fortuna conversou em fevereiro deste ano com o presidente dos Correios, João Henrique de Almeida Sousa. O encontro foi relatado nesta sexta-feira por Fortuna ao procurador da República Bruno Caiado, que investiga as denúncias de esquema de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

O advogado do empresário, Reginaldo Bacci, conta que, na reunião com o presidente dos Correios, seu cliente teria apresentado argumentos contrários ao resultado de um processo de licitação para a compra de computadores móveis (lap tops). "Ele pegou carona em uma audiência do deputado federal José Chaves (PTB-PE) para expor o caso (a Sousa)", revela Bacci. "O senhor Fortuna não foi pedir uma intervenção. Mas sabemos que nem todos os casos chegam ao presidente. Ao saber, ele poderia tomar providência para evitar um prejuízo para os Correios e para a sociedade."

O assessor de imprensa da ECT, Fausto Weiler, confirma que o presidente dos Correios recebeu Fortuna entre os dias 2 e 3 de fevereiro deste ano, acompanhado do deputado José Chaves. De acordo com Weiler, foi uma "conversa rápida". Fortuna teria se apresentado e falado das participações, como consultor, em processos de licitação. "Ele não pediu para o presidente revogar a licitação. Por razões técnicas e administrativas houve a revogação alguns dias depois", afirma o assessor dos Correios.

A licitação que teria levado o empresário José Santos Fortuna a procurar o presidente dos Correios foi iniciada por meio do edital número 59/04. A mesma licitação acabou revogada no dia 6 de fevereiro deste ano, conforme registro no site dos Correios.

Fortuna prestou consultoria para a empresa Intermec, que se propôs a cobrar cerca de R$ 29 milhões pela venda de 13,9 mil computadores móveis. A empresa vencedora da licitação – antes da revogação do processo – apresentou um custo de R$ 34,5 milhões. A Intermec e outras três empresas foram desqualificadas pela comissão de licitação por não cumprirem exigências técnicas.