Presidente da Cnen nega que Brasil tenha oferecido combustível nuclear à China

30/05/2005 - 20h45

Rio, 30/05/2005 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Gonçalves, negou hoje (30) que o Brasil tivesse oferecido à China o fornecimento de combustível nuclear para as usinas daquele país, produzido a partir de tecnologia desenvolvida pela Marinha para enriquecer urânio.

A informação foi divulgada na edição de ontem (29) do jornal O Estado de S. Paulo, citando fonte anônima do governo. De acordo com o jornal, a proposta teria sido feita em maio do ano passado, durante visita do presidente Lula à China.

Segundo Gonçalves, os chineses chegaram a manifestar interesse nesse sentido, mas uma possível venda sequer é permitida pela legislação brasileira. Ele contestou também a afirmação de que o governo tivesse "peitado o mundo" no ano passado, quando resistiu a abrir a tecnologia de enriquecimento da Marinha para as inspeções da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) à fábrica das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) em Rezende, no Rio de Janeiro.

Odair Gonçalves disse que o país nunca tentou barrar inspetores da AIEA e que apenas negociou a forma como seria feita a inspeção. "Não houve resistência a abrir nossa tecnologia, até porque a AIEA jamais exigiu que o Brasil fizesse isso", afirmou Gonçalves. De acordo com ele, o que estava em discussão era a maneira como seria feito o controle das salvaguardas. "O processo foi absolutamente normal e pacífico, sem nenhum grande atrito, como é sugerido na matéria", ressaltou.

O presidente da Cnen enfatizou que o Brasil não faz parte, nem pretende fazer, do P5, o grupo dos países nuclearmente armados e que tem tecnologia para desenvolver a bomba atômica.