Empresário nega envolvimento em gravação que levou à CPI dos Correios

30/05/2005 - 22h05

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Nesta segunda-feira, durante 4 horas, o empresário José Santos Fortuna Neves prestou depoimento na Procuradoria da República no Distrito Federal. Apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos autores da gravação que levou à CPI dos Correios, Fortuna negou o envolvimento no caso e disse não conhecer Jefferson. Ele foi interrogado pelo procurador da República Bruno Caiado de Acioli e ofereceu a quebra de seus sigilos bancário e telefônico.

"O senhor Fortuna não gravou, não autorizou ninguém a gravar, não contratou ninguém para gravar absolutamente nada. Ele quer saber quem gravou e porque o nome dele está sendo envolvido nessa questão", afirma o advogado do empresário, Reginaldo Bacci. Capitão reformado da Polícia Militar, Fortuna chegou a trabalhar no Serviço Nacional de Inteligência (SNI). "Ele saiu do antigo SNI, atual Abin, em 1984 e nunca mais pisou os pés no prédio da atual Abin. Tem um ou outro conhecido, mas a maioria já reformado."

De acordo com Bacci, Fortuna atuou nos últimos anos como consultor para empresas de tecnologia interessadas em participar de licitação em Brasília. Por meio desse trabalho, ele conheceu o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Matérias dos Correios, Maurício Marinho, funcionário que aparece nas gravações divulgadas pela imprensa recebendo R$ 3 mil de propina.

"Ele (Fortuna) conheceu o senhor Marinho na época em que este era coordenador da Universidade dos Correios, e efetivamente travou com ele um relacionamento profissional, mas não tinha nada de pessoal. Durante o ano de 2005 os dois nem sequer se falaram, mesmo por telefone", diz o advogado do empresário Fortuna Neves.