Rio, 30/5/2005 (Agência Brasil - ABr) - Um estudo pioneiro no Brasil, divulgado hoje (30), mostrou que é alto o índice de homens que sofrem de osteoporose. A pesquisa, realizada pelo Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), com 712 pacientes do Rio de Janeiro, revelou que um entre cada cinco homens com mais de 50 anos de idade sofre da doença.
Segundo o Into, o índice de homens com osteoporose é ainda maior entre aqueles com mais de 80 anos: 36,4%. A maior prevalência está entre os homens de cor branca (22,4%). Entre os negros, a taxa é de 11,4%.
O aposentado Luiz Carlos Gomes, de 75 anos, dos pacientes, contra como soube da doença: "Eu acordei de manhã e, quando coloquei o pé no chão, não consegui me levantar mais. Fiquei um mês e pouco sem poder andar, com dor no tornozelo. Até que resolvi procurar um médico".
Depois de uma densitometria óssea, exame que avalia a massa dos ossos do corpo humano, Luiz Carlos descobriu que tinha osteoporose, doença normalmente associada ao sexo feminino. "Eu sabia que homens tinham esse problema, mas achava que essa doença estava mais associada ao sexo feminino", disse ele.
De acordo com o coordenador do Programa de Osteoporose Masculina do Instituto, Salo Buksman, a pesquisa mostra uma realidade surpreendente: os índices brasileiros da doença (19,5% para homens com mais de 50 anos) são quase o dobro dos registados nos Estados Unidos, Canadá e Europa, onde apenas 10% dos homens sofrem com a doença.
"A osteoporose masculina é um problema de saúde subestimado, mesmo no Primeiro Mundo. Só agora é que se tem tido uma noção melhor da ocorrência da doença nos homens. Ter uma prevalência que é o dobro daquela registrada em outros países é extremamente alarmante", afirmou Buksman.
Ele explica que a osteoporose provoca fraturas em ossos como o fêmur (osso da perna), o que pode ocasionar, até mesmo, a morte das pessoas. "Dentre aqueles que fraturam o fêmur, apenas cerca de 50% voltam a andar. E a mortalidade, no ano subseqüente à fratura, também é muito elevada. A mortalidade dos homens é cerca do dobro da mortalidade das mulheres que sofrem a fratura", destacou.
Segundo Buksman, é importante que, depois dos 70 anos, os homens façam exames periódicos para avaliar a densidade óssea e diagnosticar a osteoporose. Para aqueles que têm predisposição à doença, o ideal é que o controle comece aos 50 anos.
O estudo brasileiro continuará ao longo deste ano no estado do Rio. Futuramente, deverá ser realizada uma pesquisa em âmbito nacional para descobrir o perfil da osteoporose em outros estados brasileiros.