Sul-americanos devem garantir unidade para fortalecer relações com os árabes, diz professor

09/05/2005 - 18h14

Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – As questões econômicas deverão ser o foco principal das negociações em torno da Comunidade Sul-Americana de Nações, cuja consolidação deverá ser anunciada durante a Cúpula América do Sul – Países Árabes, que começa amanhã (10) em Brasília. O professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Reginaldo Nasser, avalia que a comunidade sul-americana deverá garantir sua unidade para fortalecer as negociações em bloco com os países árabes.

"Para dar um exemplo, a questão do Brasil e Argentina com a China. Por vezes, há uma tentativa de competirem o Brasil e a Argentina pelo o mercado chinês e as relações são estabelecidas de forma separada, relações bilaterais, e não Mercosul e China. Acho que, da mesma forma pode acontecer com os árabes", analisa Nasser.

O professor diz que a política externa brasileira valoriza a integração regional e, ao mesmo tempo, fortalece as relações com os países que não estão entre as grandes potências mundiais e valoriza as organizações multilaterais. "Acho que esta posição brasileira abre uma fenda nessas tentativas de cerco das grandes potências em relação aos árabes. O Brasil é um país que está no hemisfério ocidental e pode servir de ponte para um novo mercado para os árabes. Mas isso tudo são tentativas que estão acontecendo neste momento. São possibilidades que têm uma razoável chance de se converter em realidade".

Para Nasser, o Brasil deverá se destacar nas negociações. Com os resultados expressivos do comércio entre o Brasil e os árabes – que atingiu US$ 8,1 bilhões no ano passado – os brasileiros tendem a atrair mais interesse. "Os árabes têm um grande capital circulando pelo mundo, podem investir no Brasil. As relações comerciais em 2004 foram enormes, cresceram significativamente e tendem a crescer ainda mais. A reunião apesar de ser América do Sul, é muito mais Brasil do que qualquer outro país".

Os doze países que compõem a Comunidade Sul-Americana de Nações (Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Uruguai) têm uma população de cerca de 300 milhões de pessoas, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 800 bilhões.