Economista diz que metas da CNI refletem otimismo do setor

27/04/2005 - 8h27

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - As metas de desempenho industrial traçadas pelo Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015 são ousadas, mas refletem a expectativa positiva do setor em relação ao crescimento da economia. A avaliação é do diretor-executivo e economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida.

O estudo, divulgado nessa terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria prevê um crescimento médio de 7% no PIB industrial (a soma de todos os produtos industrializados do país em um ano) até 2010 e de 8,5% até 2015. Embora o índice tenha ficado em 6,2% em 2004, nos últimos 20 anos o crescimento médio do PIB do setor foi de 2,5% ao ano.

"É uma meta e a indústria tinha que ser ousada, pois o potencial de crescimento é grande", afirma o economista. Ele acredita que é necessário um desempenho industrial nesses níveis para que o PIB brasileiro cresça entre 5,5% e 7%, como projetado pela CNI para o período de 2007 a 2015. "A indústria puxa o PIB nacional, por isso é importante que tenha o comportamento previsto como meta", explica.

Almeida considerou "muito ousadas" as metas traçadas para a produtividade industrial. A CNI projeta crescimento de produtividade da ordem de 4% em 2007 e 6% ao ano de 2010 a 2015. "A indústria atingiu nível de 6% em 2004, mas vinha de um processo de estagnação. Manter esse nível é arrojado", afirma. De 2001 a 2003, a variação de produtividade na indústria foi de menos 0,7%.

Segundo Almeida, para repetir o desempenho de 2004 e alcançar a meta estabelecida é preciso que o setor invista em inovação. De acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia, em 2003 a participação do investimento privado em inovação foi de 0,4% do PIB. O estudo da CNI projeta 0,6% para 2007, 0,8% para 2010 e 1,4% para 2015. "O investimento em inovação é fundamental, todas as outras metas dependem dessa. Podemos discutir outras questões, mas o que realmente vai fazer diferença é a inovação", enfatiza.

O economista lembra que o governo deu um passo importante com a aprovação da Lei da Inovação, mas falta estimular as iniciativas nesse sentido, o que deveria ser feito com incentivos fiscais e taxas de juros menores. "O empresário precisa de estímulo para arriscar. Todo país tem uma lei que premia o risco, premia quem inova, e nos damos ao luxo de não ter. A inovação ainda não entrou na circulação sangüínea da indústria e da economia. Este é nosso maior desafio", afirma.