Para consumidor, juros caíram 3,08% em março

20/04/2005 - 22h13

Bruno Bocchini e Lourenço Melo
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A tendência de alta nos juros, provocada pelas sucessivas elevações na taxa básica da economia (Selic), hoje em 19,5% ao ano, não está sendo seguida nos últimos meses pelas instituições financeiras nas operações de crédito ao consumidor.

A Selic é comumente a referência para todas as taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras do país. No entanto, a última pesquisa de juros publicada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) indica que todas as taxas de juros, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica, foram reduzidas no mês passado, com exceção da linha de crédito do cartão de crédito rotativo, que ficou com sua taxa média de juros inalterada em relação a fevereiro.

Segundo o vice-presidente da Anefac, Miguel Oliveira, essa queda nos juros ao consumidor deve ser atribuída principalmente à maior concorrência das instituições financeiras em torno do crédito consignado com desconto em folha. Na média, as taxas de juros para pessoa física, segundo o estudo, apresentaram redução de 3,08% (de 7,59% ao mês, em fevereiro, para 7,55% ao mês, em março) e para a pessoa jurídica, uma queda de 4,94% (de 4,49% ao ano, em fevereiro, para 4,43% ao ano, em março).

Essa competição, acrescentou, "está se acirrando agora com a vinda dos grandes bancos, como o Banco do Brasil, para a linha de crédito consignado e isso fez com que as taxas caíssem". De acordo com Oliveira, a queda dos juros repassados aos consumidores também ocorre devido a um ajuste que as instituições financeiras realizam neste mês, corrigindo uma exagerada elevação dos juros do início do ano.

"Em fevereiro, a Selic subiu meio ponto porcentual, mas os juros ao consumidor tinham subido cinco pontos porcentuais, bem acima da taxa básica. Havia um pessimismo muito grande naquela oportunidade, por conta da condução da política monetária. Em março, os bancos reduziram seus juros como forma de compensar o exagero anterior", explicou.

Também são citados pelo economista, como fatores de redução dos juros, uma melhora do cenário econômico e a indicação, dada pelo Banco Central, de que o período de elevação na taxa Selic está no final.