Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O badalar dos sinos da Basílica de São Pedro, no Vaticano, indicaram hoje que os 115 cardeais haviam escolhido o 265º líder da Igreja Católica após um dia e meio de conclave secreto. O cardeal alemão, Joseph Ratzinger, de 78 anos, foi eleito o sucessor de João Paulo II e adotou o nome de Bento XVI.
Essa foi a terceira vez em um século que o Papa foi escolhido no segundo dia do conclave. Milhares de pessoas reunidas na praça São Pedro comemoraram quando a eleição foi confirmada, logo depois que a fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina. Até a confirmação de hoje, cardeais representantes de 52 países fizeram três votações inconclusivas. Para ser eleito, um candidato precisava de uma maioria de dois terços, ou pelo menos de 77 votos.
De acordo com o vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Antônio Celso de Queiroz, a eleição de Ratzinger foi uma surpresa. "Desta vez, qualquer Papa que fosse eleito seria surpresa para uma boa parte da Igreja. Não havia uma pessoa para qual houvesse uma grande convergência. Ninguém entrou no Conclave com uma clara predileção".
O bispo Queiroz acredita que o pontífice deve seguir a mesma linha de João Paulo II. "Como Papa continuará exercendo o ministério, que é a coisa mais importante. Embora fosse um auxiliar direto do antecessor, dizem até que quiz renunciar por várias vezes e o Papa dizia que não, a expectativa é que Ratzinger continue mais de perto daquilo que foi a linha de João Paulo II. Além disso, cada Papa que entra, por mais que seja parecido com o anterior deixa sua marca pessoal na maneira de ser, de fazer as coisas e de interpretar os problemas. Assim, é possível que o cardeal também deixe sua marca pessoal".
Ainda não se sabe porque Ratzinger adotou o nome de Bento XVI. O vice-presidente da CNBB lembrou que Bento XV, Papa do começo do século XX, foi uma pessoa sem muita visibilidade. "Foi um pontífice muito discreto, muito caladinho. Ouvimos falar de Pio X, Pio IX, Leão XIII, mas não se houve falar de Bento XV".
Apesar do conservadorismo, Ratzinger tem muitos seguidores jovens, conhecidos como "Ratzinger Boys". O novo Papa nasceu na Bavária, em uma família tradicional de camponeses e é um forte defensor do catolicismo ortodoxo.