São Paulo, 19/5/2005 (Agência Brasil - ABr) - O cardeal Joseph Ratzinger – agora Papa Bento XVI - esteve sempre muito próximo ao Papa João Paulo II e compartilhou das posições doutrinárias dele, por isso deverá continuar o trabalho de seu antecessor, disse o presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, Henry Sobel.
"Nós, judeus, esperamos que ele seja assim como foi seu antecessor: um defensor da paz, um grande defensor do diálogo inter-religioso e da união entre todos", afirmou.
Na opinião de Sobel, "a igreja católica foi longe demais para voltar atrás e não vai haver nenhum retrocesso neste sentido". O cardeal Ratzinger, acrescentou, "acredita na importância do diálogo, da aproximação dos homens de todos os credos e, neste sentido, creio que ele será um discípulo fiel do grande Papa João Paulo II".
Sobel informou que se encontrou duas vezes com o cardeal, que manifestou carinho pela América Latina. "Tenho certeza de que entre os assessores do novo Papa teremos também cardeais latino-americanos e confio muito que o cardeal Ratzinger vai consolidar, também, os laços de afeto com a América Latina, assim como fez João Paulo II", enfatizou.
O rabino lembrou que a América Latina, que tem mais da metade da população católica mundial, e o Brasil são "importantes demais para serem neglicenciados e o Papa está perfeitamente consciente disso. A América Latina, certamente, vai ficar na agenda permanente, na ordem do dia permanente do novo Papa."
Para Sobel, os maiores desafios do novo Papa estão relacionados ao crescimento da igreja e às questões sociais e religiosas da atualidade: "Em primeiro lugar, a igreja católica vai se preocupar muito com seu crescimento, pois vem perdendo fiéis em algumas partes do mundo. Como estadista em potencial, o novo Papa vai se preocupar com os conflitos étnicos e políticos no mundo, principalmente no Oriente Médio. Vai querer ser um intermediário entre judeus e muçulmanos, israelenses e palestinos, e usar a boa influência dele nesse sentido."