Questões latino-americas e africanas não terão prioridade para novo Papa, diz teólogo da PUC do Rio

19/04/2005 - 17h18

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - A conjuntura e as próprias iniciativas tomadas por João Paulo II, inclusive ao indicar os cardeais que integram a organização interna do colégio cardinalício, já apontavam para a escolha do Cardeal Joseph Ratzinger como novo Sumo Pontifice da Igreja católica. A opinião é do teólogo André Barroso, da Pontificie Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.

Embora houvesse expectativa de nomeação de um cardeal latino-americano ou africano, esta foi suplantada pela pauta que a igreja tem que responder. "Infelizmente com o que está acenado com a eleição de Ratzinger, não se vê perspectiva de resposta para as questões latino-americanas e africanas. Pelo contrário. É manter a política que era aplicada pela Cúria Romana para América Latina, África e Ásia igualmente", ponderou.

Barroso acredita que temas polêmicos, entre os quais controle da natalidade e Aids, não serão discutidos. O Conselho de Cardeais está, a seu ver, preocupado em aprofundar a "sã doutrina", como era chamada na Antiguidade, e por essa razão "é complicado responder a essas questões pertinentes para a realidade. É manter a resposta que João Paulo II deu e aprofundar. Não tem diálogo nesses aspectos".

O teólogo descartou a possibilidade de que um Papa latino ou africano venha a ser eleito tão cedo pelo Vaticano. Para isso, o atual conclave deveria ter escolhido outro nome mais aberto a essas questões da realidade mundial, analisou.