Câmara de Música vai formular políticas públicas para o setor

11/04/2005 - 11h58

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Ter garantia de emprego e direitos autorais respeitados, incentivar a cultura regional e exportar a música brasileira. Vários são os problemas e as aspirações dos músicos brasileiros. Para discutir as questões da categoria, será criada a Câmara Setorial de Música, órgão mediador das conversas entre o setor e o governo federal e uma instância consultiva para a criação de políticas públicas. "É assustador que o Estado nunca tenha percebido que a música, além de ser uma das principais manifestações do Brasil, é uma atividade que gera uma economia enorme", diz o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira.

Músicos de 18 estados e do Distrito Federal e representantes do ministério da Cultura estão em Brasília, de hoje (11) até quarta-feira, para discutir a criação da Câmara, que não será um órgão deliberativo. "O governo tem a responsabilidade de permitir o desenvolvimento da atividade e garantir a democratização. A falta de acesso muitas vezes se dá pela ausência do Estado. A Câmara é a criação de um instrumento, além do governo, para a criação de políticas fundamentais", afirma Juca Ferreira. Já existem câmaras setoriais do Livro e da Leitura, Teatro, Dança e Artes Plásticas. De acordo com Juca Ferreira, poderá ser criada também uma Câmara para a área de Fotografia.

A Câmara deverá ser formada por músicos (instrumentistas, compositores, intérpretes), produtores, gravadoras e pelo governo federal e será administrada pela Fundação Nacional da Arte (Funarte). "Os músicos sempre estiveram em uma situação de distanciamento com o poder público, está se buscando uma forma democrática de reivindicação e formas viáveis de se solucionar grandes problemas", ressalta a diretora do Centro de Música da Funarte, Ana de Hollanda. A composição, estrutura e funcionamento da Câmara serão definidos durante este encontro e a expectativa é de que seja lançada em setembro.

Os músicos que participam da discussão para a criação da Câmara Setorial de Música são delegados e representantes dos Fóruns Permanentes de Música, que acontecem em todos os estados. O primeiro Fórum foi criado no Rio de Janeiro em 2003 para formular propostas de políticas públicas. Com a necessidade de crescimento e de organização da categoria, foram surgindo fóruns nos demais estados. "Sensibilizamos nomes da música brasileira como Francis Hime e Ivan Lins e fomos conversar com o ministério da Cultura sobre políticas públicas para a área", conta Dalmo Mota, um dos criadores do Fórum carioca.