Programas de transferência de renda mudam hábitos alimentares das famílias, mostra pesquisa

07/12/2004 - 13h46

Cecilia Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os programas de transferência de renda provocam mudanças no hábito alimentar das famílias atendidas, apontam duas pesquisas divulgadas, nesta terça-feira (7), durante seminário promovido pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Um estudo feito pelo Ministério da Saúde sobre o Bolsa Alimentação identificou que as crianças atendidas pelo programa passaram a engordar, por mês, 23 gramas a mais do que as outras.

O coordenador da pesquisa, Eduardo Nilson, destaca que essas crianças, antes de suas famílias serem cadastradas, apresentavam mais problemas nutricionais do que as não incluídas no programa.

A pesquisa analisou durante dois anos quatro cidades do Nordeste, onde o programa foi implantado em caráter piloto: Teotônio Vilela (AL), Mossoró (RN), Itabuna e Teixeira de Freitas (BA). O programa Bolsa Alimentação foi unificado em 2004 com outros programas de transferência de renda do governo federal no Bolsa Família.

O estudo identificou que as famílias beneficiadas não só passaram a comprar mais alimentos, como diversificaram sua dieta. Verduras, frutas, carnes entraram no cardápio diário dessas famílias. Com a compra de verduras, legumes e tubérculos, as famílias gastam, em média, R$ 3,12; e com frutas, R$ 9, em relação às famílias não cadastradas no programa.

Em média, as famílias beneficiadas gastam R$ 24 a mais com alimentação do que as não beneficiadas. "É interessante observar que o valor médio do Bolsa Alimentação era de R$ 20", disse Eduardo Nilson. Na sua avaliação, isso demonstra que o programa também provocou mudanças no consumo dessas famílias, que passaram a gastar um percentual maior com alimentos do que antes de serem cadastradas.

O outro estudo foi realizado pela Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em três municípios baianos (Cipó, Piraí do Norte e Irará). A análise preliminar dos dados revela que as famílias atendidas pelo Bolsa Família apresentaram aumento de cerca de 70% nos gastos mensais com legumes, verduras e tubérculos. A pesquisa identificou também um crescimento médio das crianças beneficiadas de 1,2 centímetro a mais do que as outras crianças.