Elisângela Cordeiro
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A inserção das mulheres no mercado formal de trabalho no estado de São Paulo cresceu mais do que a dos homens, entre 2000 e 2002, embora elas continuem ganhando menos e tendo menores chances de promoção a cargos de chefia. É o que revela pesquisa divulgada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), segundo a qual dos 514 mil empregos criados no período, 54% foram ocupados por mulheres.
O levantamento indica também que o emprego com carteira assinada cresceu 6,4%, alcançando 8.563.882 postos de trabalho, metade da população ocupada, sendo 9,1% de aumento para mulheres e 4,7% de crescimento para homens. O aspecto favorável desta entrada feminina no mercado formal de trabalho é a garantia de acesso às mulheres a direitos trabalhistas e previdenciários.
"Isso reverte uma tendência anterior, porque no final de sua vida produtiva a mulher tem acesso à aposentaria em proporção menor do que o homem, justamente porque a proporção de mulheres com carteira assinada também é menor", ressalta a analista de mercado do Seade, Guiomar Thearo Aquilini. Ela informa que do total de ocupados, 40% das mulheres possuem carteira assinada e os homens somam 60%.
O levantamento constata ainda que embora elas tenham maior nível de escolaridade, continuam ganhando salários inferiores ao dos homens, para a mesma função, e têm menor acesso a cargos de chefia. Os números revelam que para cada homem empregado com nível superior existem duas mulheres com a mesma escolaridade. "Ela está aumentando a escolaridade, mais ainda o acesso a empregos de chefia, direção e planejamento é bem menor do que os homens, em torno de 30% para 70%", destaca a analista. Dados da pesquisa indicam que a média dos rendimentos das mulheres empregadas em 2002, era de R$ 1.033 contra R$ 1.294 dos homens na mesma condição.
Segundo indica a pesquisa, a discriminação salarial acontece em função da maior disponibilidade dos homens em cumprir uma carga horário maior. A necessidade de deixar o mercado de trabalho em razão do cuidados com os filhos é apontada também como um dos principais fatores que dificultam a seleção de mulheres para cargos de chefia. "Ela é penalizada neste sentido, porque assume outras responsabilidades que poderiam ser melhor distribuídas com a família ou com o próprio estado", ressalta Guiomar.
Os dados da pesquisa foram retirados da relação Anual e Informações Sociais (Rais), elaborada pelo Ministério do Tabalho e Emprego.