Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma experiência norte-americana com uma "moeda social" chamou a atenção do consultor do Banco Central Marden Marques Soares, durante o Seminário Internacional Saber Global 2004, que se encerra hoje no Ministério de Relações Exteriores. "Moeda social" é o nome que se dá a um papel-moeda alternativo, utilizado em experiências da chamada "economia solidária" - que inclui cooperativas de trabalho e crédito, além das feiras de troca, por exemplo - como forma de estimular as trocas em uma comunidade específica.
A experiência com a moeda norte-americana foi objeto de uma videoconferência durante o evento. No caso dos EUA, funciona como uma "moeda do conhecimento". Em lugar de usar dinheiro, o aumento do número de vagas numa escola, por exemplo, se daria por meio deste valor-papel, trocado no próprio meio escolar.
"Essa é uma forma de gerar, numa economia com poucos recursos, uma moeda com lastro em uma oferta de bancos escolares, em custos de educação. Na proposta que foi apresentada, um estabelecimento de ensino aumentaria as suas carteiras escolares, e esse aumento, que seria praticamente sem custos, seria transformado em moeda que financiaria a educação básica. Pelo modelo apresentado, o custo final no Ministério da Educação seria reduzido, porque não seria pago o valor de face da moeda", explica.
Marden lembrou que o Brasil possui uma experiência com uma moeda social no Ceará. Segundo ele, a Organização Não-Governamental (ONG) Banco Palmas criou uma moeda que serve para a troca de serviços, permitindo o crescimento da economia na comunidade. "O que temos em funcionamento é o que podemos chamar de moedas sociais, usadas no momento em que a economia local não dispunha de meios econômicos de sobrevivência. Neste ponto, se usou de forma criativa, de um instrumento parecido com a moeda tradicional, que ajudou a comunidade a sair do processo de pouco desenvolvimento que enfrentava", conta.
Marden justificou, no entanto, que, embora a moeda da educação pareça interessante, é preciso conhecer os efeitos dela na economia. "Parece algo que pode ajudar no processo de desenvolvimento do país, e o Banco Central está aberto a novas experiências e discussões que possam trazer benefício para a população", disse.