Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja na próxima quarta-feira (8) para Cuzco (Peru) para participar da 3ª Reunião de Presidentes da América do Sul. Durante o evento será anunciada a criação da Comunidade Sul-americana de Nações, segundo informa o ministro-chefe do Departamento da América do Sul do Itamaraty, Ênio Cordeiro. O objetivo é formar uma unidade política na região e aprofundar a integração comercial e física entre os países membros.
Ênio Cordeiro diz que o acordo pretende ir além da formação de uma zona de livre comércio. "Será um mecanismo de intensificação do diálogo político na região e de promoção de integração física do continente nas áreas de transporte, energia e comunicações", anunciou.
Recentemente, os países membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) fecharam acordo de livre comércio com a Comunidade de Países Andinos (CAN), que congrega Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. O Mercosul também já mantém acordos com países associados: Chile, Peru, Bolívia e Venezuela.
Questionado pelos jornalistas se a Comunidade Sul-Americana de Nações já começaria prejudicada devido às divergências comerciais entre países do Mercosul, Cordeiro respondeu: "Ter diferenças comerciais não signfica que as coisas vão mal, e sim que vão bem. As diferenças só aparecem quando há comércio, quando este está se intensificando. Então, os problemas do Mercosul são naturais. Divergências e questionamentos acontecem na operação de qualquer instituição de comércio mundial".
Segundo o diplomata, a zona de livre comércio entre os países sul-americanos não estabelecerá metas do ponto de vista comercial. "Nenhum acordo comecial, nem no âmbito da OMC, estabelece metas. As metas são sempre mais de ordem social".
Durante o encontro deverão ser assinados três documentos: Declaração de Cuzco sobre a Comunidade Sul-Americana de Nações; Declaração de Ayacucho, relativa à celebração dos 180 anos das batalhas de Ayacucho e Junín e da Convocação do Congresso Anfictiônico do Panamá; e Declaração sobre as Malvinas. A reunião de Cuzco também deverá acolher a proposta brasileira de realizar uma Conferência sobre Segurança na América do Sul, em Fortaleza, em julho de 2005, para tratar do combate ao crime organizado, tráfico de armas e drogras e violência urbana.
Depois de consolidar o bloco, o próximo encontro da cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações será no Brasil, no primeiro semestre de 2005. A primeira reunião de presidentes da América do Sul ocorreu em Brasília, e, a segunda, em Guayaquil, no Equador.