Encontro de pescadoras pretende superar desigualdades para acesso a crédito e mercado de trabalho

07/12/2004 - 14h34

Saulo Moreno
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Dona Risoleida Prudêncio, do estado do Pará, reclamou da qualidade do atendimento que recebe no INSS; Janete, mãe da pequena Rebeca, da Bahia e homenageada em nome de todas, pediu para não deixarem a pesca industrial matar a artesanal; e Valdeniza Santos, cobrou a presença do presidente Lula, a exemplo do que aconteceu em evento semelhante só para os homens. Elas são todas personagens do 1º Encontro Nacional das Trabalhadoras da Pesca e Aqüicultura, que está sendo realizado em Luziânia, cidade do estado de Goiás, situada no entorno de Brasília.

Durante três dias (de 7 a 9 de dezembro), cerca de 700 pessoas, entre elas 496 delegadas estaduais, estarão reunidas no Centro de Treinamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria. O tema central do evento é a superação das desigualdades sociais, questão que envolve por exemplo o reconhecimento da mulher como pescadora profissional, acesso a créditos do governo e a exclusão do mercado de trabalho como um todo.

Os ministros José Fritsch, da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, e Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, participaram da abertura do evento, nesta terça-feira, e ouviram da platéia várias observações e reclamações.

As mulheres representam hoje 42,7% da população economicamente ativa e chefiam 37% dos lares brasileiros. Mesmo assim, sofrem com a falta de direitos, alguns considerados até elementares, como o reconhecimento de uma atividade profissional. Daí a importância do evento, não só para as trabalhadoras na aqüicultura e pesca. "Elas simbolizam todas essas mulheres que vivem esse processo, na verdade um problema de ausência de direitos. Temos agora a possibilidade de entendermos isso e termos uma organização para conquistar esses direitos", disse Nilcéia Freire.

Quando fazia seu pronunciamento, o ministro José Fritsch foi interrompido pela pescadora Nilza Bandeira, que trazia uma carta do presidente da Colônia de Mirando/MS reclamando de um decreto estadual proibindo a pesca nos rios da região. Segundo o documento, 3 mil pescadores foram prejudicados.

Para José Fritsch, a mobilização das pescadoras é resultado do projeto que o presidente Lula definiu para pesca em todo o Brasil, como um programa de geração de emprego e renda dos mais importantes do país. "O que está acontecendo aqui é um resultado do que está acontecendo em todos os estados. As mulheres também estão participando da atividade, querem discutir os seus problemas. Esses debates aqui expressam um pouco esse processo de exclusão que a mulher viveu durante tantos anos", conclui.