OIT lança projeto para combater tráfico de seres humanos no Brasil

16/09/2004 - 18h37

Débora Barbosa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O tráfico de seres humanos persiste no Brasil. A grande maioria das vítimas são mulheres, que consequentemente acabam abastecendo as redes internacionais de prostituição, que vão na intenção de conseguir uma melhoria de vida e, muitas vezes, retornam ao Brasil sem perspectiva de vida e com isso, acabam novamente sendo aliciadas.

Uma pesquisa do Ministério do Justiça, lançada em 2002, identificou que a maioria das vítimas tem entre 18 e 21 anos. E, em seguida, aparece o grupo com idade entre 21 e 30 anos. A análise mostra ainda que os traficantes escolhem suas vítimas por critérios como desinibição, porte físico, dotes artísticos e cor da pele.

Em entrevista à Rádio Nacional AM, a consultora do projeto sobre Tráfico de Seres Humanos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Claúdia Dias, disse que o Brasil está criando estratégias para dificultar essa ação criminosa. Segundo ela, as três grandes estratégias são a geração de conhecimentos, com formação de pesquisas para identificar as rotas dos traficantes, a informação, com campanhas informativas, e a qualificação dos profissionais de direito e dos policiais para um melhor enfrentamento com esse tipo de crime.

Claúdia Dias disse ainda que, nesta quarta-feira, foi lançado um projeto que objetiva formar parcerias com o governo federal em busca de soluções para esse fenômeno. "O projeto foi lançado ontem e nesta primeira fase do projeto o objetivo é formar parcerias, porque são crimes extremamente complexos, que envolvem as questões de repressão e as questões de prevenção, devido ao contexto social em que ele está inserido. Então, esse momento do projeto é o momento das parcerias com o governo federal e com as associações de empregadores e de empregados".

A pesquisa apontou também que essas pessoas saem principalmente das cidades litorâneas (Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife e Fortaleza), mas que há também registros consideráveis de casos nos estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Pará. Os destinos mais freqüentes dessas pessoas são países como a Espanha, Portugal, Holanda e Suíça.