Brasília – Segundo o ultimo censo demográfico, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, éramos 169,8 milhões de brasileiros, com leve predominância das mulheres – 50,79%, contra 49,21% de homens.
Quando analisada a situação de domicílio, estes percentuais se alteram muito, principalmente na relação de homens e mulheres entre campo e cidade. Enquanto as mulheres predominam nas cidades (51,5%), no campo a situação se inverte - elas constituem apenas 47,6% da população rural.
Tal fato é explicado pelos fluxos migratórios analisados por técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em estudo publicado em 1999 sobre o êxodo rural (movimento migratório em que as pessoas deixam o campo em direção às cidades).
O trabalho apresenta um conjunto de estimativas de saldos e taxas líquidas de migrações rural-urbanas por sexo e grupos qüinqüenais de idade para o Brasil como um todo e as cinco regiões para as décadas de 50, 60, 70, 80 e o primeiro qüinqüênio dos anos 90. Estas estimativas serviram de base para que fosse analisado o papel desempenhado pelas várias regiões brasileiras a cada década no processo de desruralização da população brasileira. Os movimentos migratórios respondem pelo processo de esvaziamento da população rural. Uma conseqüência do fenômeno da migração diferencial por sexo é uma crescente masculinização do meio rural brasileiro.
Porque as mulheres deixam o campo
O estudo aponta três possíveis causas para explicar o fenômeno. A primeira seria a de que mulheres jovens encontram mais facilmente emprego nas cidades, tanto em empresas como em residências. A segunda causa seria o fato de que o trabalho no campo exige mais esforço braçal, geralmente é trabalho pesado, sem que indique qualquer contrapartida em termos de horizontes. Deixar a residência paterna é o caminho mais curto para a independência econômica.
A própria família estimula esta migração, uma vez que são bem reduzidas as chances de as moças poderem se estabelecer como agricultoras ou esposas de agricultores. A terceira e última explicação apontada pelos técnicos do Ipea esta ligada à formação educacional e profissional.
Dados da Cepal de 1996 mostram que entre os rapazes, 55% têm menos que quatro anos de estudo enquanto que entre as moças esse percentual cai para 42%. Isso indica que as famílias no meio rural preferem investir na educação feminina, na esperança que encontrem empregos melhores nas cidades quando chegar a hora de migrarem.
Veja, nas matérias relacionadas, o que o governo federal esta fazendo para combater o êxodo rural e dar sustentabilidade à vida no campo.
Com informações do Núcleo de Pesquisas da Radiobrás