Ciesp pede a Palocci desoneração dos investimentos

16/09/2004 - 13h55

Brasília, 16/9/2004 (Agência Brasil - ABr) - Setores industriais voltados para a exportação reivindicam o ressarcimento dos créditos acumulados por conta do recolhimento de impostos na fonte, principalmente PIS/Cofins e ICMS, que "drenam o capital de giro e retiram do empresário a capacidade de novos investimentos". Foi o que afirmou o presidente eleito do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Cláudio Vaz, depois de audiência com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, com quem discutiu a remoção de obstáculos para viabilizar o aumento da produção, "a começar pela desoneração dos investimentos", segundo Vaz.

Segundo o presidente do Ciesp, ou se estimula fortemente o investimento, com o respectivo ressarcimento dos créditos acumulados (ou parte deles), ou a capacidade de crescimento das exportações será fortemente afetada a médio prazo. Ele acrescentou que seria "o cúmulo do paradoxo, da insensatez, deixar que isso aconteça em um país que precisa cada vez mais das
exportações para reduzir sua vulnerabilidade externa".

Cláudio Vaz disse que alguns empresários paulistas, que participam do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, estarão com o ministro Palocci na semana que vem. Os empresários vão entregar ao ministro uma proposta conjunta, do Ciesp e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com opções para acelerar a desoneração fiscal e remover obstáculos aos exportadores, como o acúmulo de créditos.

Vaz afirmou que produtores de café solúvel e de calçados são exemplos típicos das dificuldades de reinvestimento. Revelou que os calçadistas de Franca exportam 80% da produção. Segundo ele, todos os insumos são comprados com impostos e, ao exportar volume tão grande, os produtores não conseguem recuperar na produção para o mercado interno os créditos a que têm direito. "Isso começa a fazer falta", enfatizou.

O dirigente do Ciesp, que será empossado no próximo dia 27, não fez apenas críticas. Afirmou que saía do gabinete de Palocci satisfeito, uma vez que o ministro mostrou-se bastante receptivo às questões levantadas na conversa. Cláudio Vaz informou que, durante a conversa com Palocci, não foi discutida a alta da taxa básica de juros (Selic) para 16,25% ao ano, decidida ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

"Preferi não estender uma polêmica que não evoluiria, porque temos posições sabidamente diferentes nesse sentido. Como tínhamos muito o que discutir, falamos também sobre expansão do sistema de crédito cooperativo e a desconcentração industrial da grande São Paulo, levando
mais indústrias para o interior", disse Vaz.